Na guerra contra fake news e desinformação é preciso inovar e tentar novos caminhos. Essa parece ser a opção do Google, ao expandir na segunda-feira (13/2), o programa “prebunking”, para combater a desinformação na Alemanha, depois de um período de teste na Europa Oriental.
Mas o que é ‘prebunking‘?
É um conceito baseado na teoria da inoculação e existe há alguns anos. Em vez de tentar desmascarar a desinformação que já se tornou viral, o objetivo do “prebunking” é de dar às pessoas dicas sobre como identificar os tipos de desinformação que provavelmente encontrarão, para ficarem mais preparadas e serem menos suscetíveis a isso.
“Pense nisso como uma vacina psicológica, administrada por meio de anúncios em plataformas como o Youtube, o Google, o Facebook e o TikTok”, escreveu David Meyer, na edição de 13 de fevereiro da newsletter Datasheet, da revista Fortune.
Veja exemplo de um vídeo publicado no YouTube na Polônia, tentando afastar pessoas de uma narrativa falsa, mas que se disseminava com velocidade, de que refugiados ucranianos estariam sendo tratados melhor do que cidadãos poloneses.
O conceito vai além de alfabetização midiática, que tem por objetivo ensinar as pessoas a serem consumidores mais críticos de informações. Segundo Jon Roozenbeek, da Universidade de Cambridge, um dos acadêmicos que criou o conceito de prebunking e trabalhou na divisão Jigsaw do Google no desenvolvimento de ferramentas para implantar o programa.
Para o especialista, o prebunking tem mais chances de atingir pessoas que estão fora do sistema educacional.
“O desafio é como conseguir que as pessoas se interessem em identificar conteúdos prejudiciais sem se sentirem rebaixados?”, questionou. Para Roozenbeek, a abordagem é promissora, mas não deve ser vista como uma panaceia.
Ele destaca a importância de intervenções contra a desinformação em nível individual, como o prebunking e programas de alfabetização midiática, serem repetidas com frequência, enquanto não começarem intervenções sistemáticas – como a Lei de Serviços Digitais da União Europeia.
A norma só começará a valer em janeiro de 2024. A legislação forçará as grandes empresas de tecnologias a combater a desinformação e terá efeito muito maior, prevê.
Para Roozenbeek, programas como o prebunking são criados para enfrentar um problema visível e urgente. Ele é pessimista em relação ao cenário futuro, quando acredita que a desinformação poderá ser gerada automaticamente se tornar prevalente, por bots, à medida que se integram a sistemas generativos de Inteligência Artificial como o ChatGPT da OpenAi. Quando isso acontecer, serão necessárias novas soluções, diz o especialista.