As eleições municipais e a vitória do democrata Joe Biden nos Estados Unidos trazem um novo cenário político-social, que terá reflexos no xadrez eleitoral visando a disputa da eleição presidencial em 2022. A construção de uma nova narrativa, mais moderada e empática, além da influência das redes sociais e das fake news, foram debatidos no webinar “Eleições nos EUA e no Brasil – como decifrar as novas narrativas”, transmitido nesta quinta-feira (19).
Webinar Arena de Ideias discutiu o cenário político pós-primeiro turno, a eleição dos Estados Unidos e a influência das fake news e desinformação
“Desinformar é um interesse. Não é improvável que as fake news se propaguem e ganhem terreno. A postura da mídia tradicional, além redes sociais, é extremamente importante na hora de noticiar isso”, afirma o professor da PUC-SP e doutor em Filosofia pela Universidade de Paris IV – Sorbonne, Rogério da Costa.
Para o jornalista e fundador do Congresso em Foco, Sylvio Costa, uma alternativa para combater as fake news é educar a população para reconhecer as notícias falsas e não propagar desinformação. Segundo ele, esse é o papel do jornalismo profissional.
“As narrativas ganharam mais importância que os fatos. O noticiário é embaralhado, confuso, diverso, plural, tem sempre muitas versões do mesmo fato. Cabe ao jornalismo incorporar a missão fundamental de educar”, propõe.
Diante desse contexto, a sócia-diretora da In Press Oficina, Patrícia Marins, acredita que o resultado do primeiro turno e das eleições dos Estados Unidos deixaram aprendizados importantes para a comunicação.
“As lições das narrativas das últimas eleições trazem pontos de equilíbrio, diálogo e representam um discurso na moderação. Estamos vivendo um momento em que todo mundo tem seu ponto de fala nas narrativas”, diz.
Pandemia teve impacto no primeiro turno das eleições
Apesar do momento de polarização política, o CEO e fundador da Dharma Political Risk and Strategy, Creomar de Souza, avalia que o voto no primeiro turno das eleições municipais foi menos ideológico e levou em conta a resolução de problemas locais.
“Foi a vitória das políticas públicas. Aqueles prefeitos que melhor entregaram o trabalho de zeladoria e administração da pandemia foram muito bem sucedidos, colocando sucessores ou sendo reeleitos”, analisa Creomar.
Nesse contexto, ele crê que a narrativa imposta no primeiro turno terá impacto direto em 2022.
“Essa ressaca da narrativa antipolítica faz vítimas. O Bolsonaro pode ser uma das vítimas. São duas variáveis importantes. A primeira é a performance da economia e a segunda é que provavelmente terá uma vacina contra Covid no seu mandato”.