Já para os aliados do presidente Bolsonaro, os atos do Dia da Independência foram uma demonstração de força. Poderio esse que tende a ecoar dentro do Congresso, avalia o deputado General Peternelli (PSL-SP). “É uma demonstração da vontade popular. O que temos de fazer agora é buscar o consenso e trabalhar pela busca do desenvolvimento, da educação, da saúde, da economia”, defendeu.
“Cada um deve refletir sobre a força política do presidente. Estamos em momento de composições, visando ao próximo ano. Com certeza isso fortalece o presidente”, acrescentou.
Segundo ele, não é correto classificar os atos deste Sete de Setembro promovidos por bolsonaristas de antidemocráticos.
“Vejo que tudo ocorreu dentro da liberdade, da mesma maneira que há pessoas que pedem o impeachment do presidente, há pessoas que pedem impeachment de ministro do Supremo. Não vejo muita diferença. A classificação de ação antidemocrática não foi o que observei da grande maioria das pessoas. Estive presente e quando conversava com as pessoas o foco era o bem comum, o respeito à Constituição e à liberdade”, disse o deputado, que participou da manifestação na Avenida Paulista.
Também é o que pensa o vice-líder do PSL na Câmara, Coronel Armando (SC). A multidão que foi às ruas em centenas de cidades do país e o caráter pacífico dos atos – poucas ocorrências foram registradas – mostram, segundo ele, que os protestos não foram antidemocráticos.
Coronel Armando considera que a mensagem de Bolsonaro extrapolou a bolha bolsonarista e pode ter sensibilizado o público que não tem posição pré-definida contra o governo. “Não tem ameaça. Tem mensagem clara. O STF não pode impor ao presidente um cala boca. O presidente não quer conflito, quer ter condições de governabilidade. Não é objetivo ter confronto, usar Forças Armadas, isso não passa na cabeça de ninguém”, diz o deputado. “A população tem condições de interpretar isso”, emenda.
O deputado considera que os atos devem aumentar a força do governo no Parlamento. “O Congresso funciona na base do que a população pensa. Há uma visão ideológica, mas vale o que a população pensa”, diz. “É verdade que as manifestações também uniram a oposição. O impacto não deverá ser imediato porque, neste momento, há um espírito de corpo de quem classifica Bolsonaro como antidemocrático”, acrescenta.
Segundo o deputado, não há da parte de Bolsonaro intenção de dar um golpe de Estado. “Não devemos tensionar a corda. Não é ele que tensiona. Ele também tensiona. Mas as palavras do ministro do STF, a decisão de prender várias pessoas que organizavam as manifestações… Os atos foram democráticos. Quando há manifestação da esquerda, a gente vê quebra-quebra, o que não houve desta vez.”
Embora discordem do tom condescendente dos parlamentares mais governistas, líderes da oposição reconhecem que Bolsonaro se mantém no controle da poderosíssima máquina administrativa federal e que não pode ser subestimado. Entre os seus trunfos está a possibilidade de fazer fortes investimentos em obras e em assistência social (com destaque para a ampliação do Bolsa Família, agora rebatizado como Auxílio Brasil).
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