Crédito: Wander Roberto/COB
Legenda: Com a medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio, Rayssa Leal muda a cara do skate no Brasil
Imagine um briefing da Confederação Brasileira de Skate com objetivos claros: tornar pais e avós menos refratários à vontade das crianças de se arriscar nas estreitas pranchas sobre rodas; convencer os meninos que as pistas acidentadas também são lugar para as meninas; transformar a imagem marginal do esporte.
O projeto de comunicação mais ousado poderia propor a transmissão pela TV de campeonatos em pistas bem cuidadas e iluminadas, a veiculação de depoimentos de jovens e adultos amantes do esporte bem-sucedidos em suas profissões pelas redes sociais e a fala de um antropólogo ou de uma socióloga sobre as origens da modalidade e o direito das meninas de descer e subir rampas em meio a manobras radicais.
É improvável, no entanto, que o melhor profissional de comunicação propusesse como solução o que o mundo assistiu no começo desta semana, nos Jogos Olímpicos de Tóquio: as piruetas e a quedas de uma menina franzina, que aparenta menos que os 13 anos que tem, com um sorriso ainda mais reluzente por conta do aparelho nos dentes, do interior do Brasil e a espontaneidade que a infância permite.
Foi o que Rayssa Leal fez em minutos, na última segunda-feira (26/7), no Japão: mudou definitivamente a imagem do skate no Brasil. Saem os tatuados, entram as fadinhas. Ou melhor, convivem tatuados e fadinhas e, mais importante, meninos e meninas. Choveram depoimentos de skatistas mais velhas sobre o preconceito que sofreram por serem mulheres. Algumas recordaram-se do tempo em que tentavam se passar por meninos para serem aceitas nas pistas.