O camarão foi destaque do cardápio da primeira semana política de 2022. O saboroso crustáceo foi o responsável pela nova obstrução intestinal que trouxe o presidente Jair Bolsonaro do descanso, em São Francisco do Sul (SC), para a internação no hospital Vila Nova Star, em São Paulo. Após três dias de internação do presidente, seu médico, Antônio Luiz Macedo (que também interrompeu as férias no Caribe), foi enfático no diagnóstico: “O camarão não foi mastigado”.
A explicação não foi bem digerida pela oposição que atribui a internação a uma cortina de fumaça para mobilizar os apoiadores, ganhar atenção do noticiário e justificar a ausência do presidente nas ações de recuperação de cidades baianas castigadas pelas chuvas no final de 2021. A resistência do presidente em oferecer ajuda pessoalmente está ligada à oposição ao governador do estado, Rui Costa, do PT.
Mas a doença e a internação renderam. Nas redes sociais, as buscas sobre Bolsonaro cresceram seis vezes em relação à procura normal; as curtidas no Facebook subiram, revertendo o número de queda de seguidores; e houve 2,5 mil novos usuários que passaram a seguir a página do presidente no microblog Twitter.
Do hospital, em São Paulo, Bolsonaro rumou para Buriti Alegre (GO), onde assistiu a uma partida de futebol organizada pelo cantor Marrone. Só voltou a despachar no Palácio do Planalto na quinta-feira (6/1), após 20 dias longe de Brasília.
Cadeira cobiçada
A cadeira da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL/DF), é o novo alvo de políticos do Centrão. Os senadores Wellington Fagundes (PL/MT) e Jorginho Mello (PL/SC) surgem como eventuais substitutos caso o governo não consiga debelar a crise provocada pela não liberação de emendas extraordinárias previstas para ser pagas no fim de 2021 Como o calendário virou, os R$ 600 milhões que seriam distribuídos para projetos de agricultura não serão pagos.
O mais novo capítulo da crise na base aliada tende a se estender durante o recesso parlamentar. E os cotados ficarão à espera por motivos distintos. Mello, fiel aliado bolsonarista na CPI da Pandemia, quer uma compensação para não disputar o governo de Santa Catarina. Pode esperar, portanto. Fagundes tem pressa porque quer justamente três meses como ministro para aumentar a exposição antes de entrar na disputa pelo governo do Mato Grosso.
O presidente Jair Bolsonaro já avisou que não pretende fazer a mudança no ministério antes do fim de março, quando os ministros candidatos devem deixar os cargos para concorrer nas eleições de outubro. Inclusive Flávia, que deve disputar a vaga do DF no Senado. Pior para Fagundes.
Sem carnaval
O avanço da variante Ômicron da Covid-19 e a infecção pela Influenza A H3N2 levaram ao cancelamento das festas de Carnaval de rua em todo o país. Até o momento, 13 capitais oficializaram a suspensão: Belém (PA), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Brasília (DF), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Maceió (AL), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA) e São Paulo (SP).
No Rio de Janeiro, ainda está previsto o desfile na Marquês de Sapucaí, mas se a Ômicron continuar a se alastrar é possível que não haja as apresentações das escolas de samba pelo segundo ano consecutivo. A prefeitura ainda vai anunciar as medidas sanitárias que devem ser seguidas com rigor pela Liga das Escolas de Samba. Blocos tradicionais tomaram a iniciativa de não desfilar. Mesmo com as vendas de abadás quase esgotadas, Bell Marques, Léo Santana, Daniela Mercury, Banda Eva e Preta Gil decidiram retirar os blocos das ruas de Salvador.
Boa Vista (RR), Teresina (PI), Macapá (AP) e Vitória (ES) vão esperar o avanço (ou o recuo) da pandemia para decidir. O mais provável é que os foliões guardem as fantasias para 2023.