Promotora do DF usa redes sociais para fazer apologia ao nazismo

A promotora Marya Olímpia Ribeiro Pacheco, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), ultrapassou a linha tênue entre a opinião pessoal e a profissional e provocou um dano à reputação do órgão em que atua. Ela usou as redes sociais para publicar material de propaganda nazista – o que é crime.
Marya Olímpia mantinha abertas sete posts com imagens de cartazes nazistas e mensagens de apoio a Adolf Hitler como Führer (líder, em português) e “Kämpft für führer und volk” (“lute pelo líder e pelas pessoas”). O perfil passou a ser restrito a seguidores após a revelação do caso pelo site Congresso em Foco. A lei Antirracismo prevê pena de multa e prisão de dois a cinco anos para quem “veicular símbolos” do nazismo “para fins de divulgação”.
Para piorar, a promotora também usa as redes sociais fazer manifestações políticas, o que é vedado a magistrados. Ela se autodeclara integrante da milícia virtual do presidente Jair Bolsonaro e, inclusive, estampa na página do Facebook um crachá. Além disso, o Twitter é usado para divulgar mensagens bolsonaristas a favor de tratamento precoce, críticas à imprensa e exaltação a Olavo de Carvalho, de quem foi aluna.
Não é a primeira polêmica envolvendo Marya Olímpia. Foi dela a decisão de arquivar a ação contra Victor Hugo Diogo Barboza, ex-coordenador da Fundação Palmares, defensor da “cura gay”, alegando que tratava-se não de preconceito, mas de liberdade de expressão.
Uma vez representante de um órgão, a pessoa deve se comportar nas redes sociais de acordo com o cargo. Não há espaço para opiniões pessoais. E atitudes como a da promotora são capazes de gerar crises à imagem do MPDFT.
O caso deve ter um desfecho no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e poderá render à Marya uma advertência, suspensão ou até mesmo a aposentadoria compulsória.
Spotify promove uma nova campanha voltada a promover artistas negros
“Abra seus ouvidos”. É com essa provocação que o Spotify quer dar voz aos artistas negros. A plataforma busca valorizar a influência da música negra no mercado musical, mas que parece ser ignorada. Por isso, Ludmilla, Djonga, MC Dricka e L7NNON foram convidados para fazer relatos, em áudios e vídeos, de como esse preconceito impacta diretamente no trabalho da indústria musical. Nos relatos, os artistas usam a frase “Você me ouve. Mas você me escuta?” e contam as dificuldades enfrentadas pelos negros e quem os influenciam. “Tem bastante vozes pretas que abrem meus ouvidos. A primeira delas é um ícone para mim, a Beyoncé. (…) Eu também amo escutar a Iza. A postura dela, a voz, as músicas, as letras que ela canta, curto demais”, afirma a cantora Ludmilla, a mulher negra mais ouvida do Brasil no Spotify, com 8 milhões de ouvintes mensais. A realidade também não escapa dos relatos. “Tenho sempre que provar que o carro que eu tenho é meu, que o dinheiro que está no meu bolso é meu, que o cordão que eu tenho fui eu que comprei”, conta L7NNON, cantor de hip hop.
A ação do Spotify vai além da plataforma. Junto com a campanha, a empresa anunciou a doação de R$ 3,5 milhões, recurso que será direcionado para em torno de 500 produtores de música e podcasts atendidos pela organização social Vale do Dendê, de Salvador (BA).
A valorização da cultura negra é poesia para os ouvidos.
Índigena da Amazônia fala do dia a dia e conquista 6 milhões de seguidores no TikTok

Contar a rotina diretamente das profundezas da Amazônia, de uma aldeia às margens do Rio Negro, foi a isca para a indígena Cunhaporanga Tatuyo, de apenas 22 anos, se tornar um fenômeno na rede social TikTok, com 6 milhões de seguidores. Um celular iPhone 7 – comprado com dinheiro da venda de artesanato para turistas – e a internet via satélite em funcionamento desde 2018 foi a forma da mulher, batizada de Maira Gomez Godinho, sair do anonimato. O primeiro vídeo foi feito há 1 ano e meio para mostrar a alimentação da aldeia: uma pequena larva amarelada comida com farinha de mandioca. O sabor lembra muito o coco, relata a indígena que, rapidamente após a postagem viralizou em todo o mundo. Ela então deixou a criatividade fluir e, até agora, fez vídeos mostrando araras sendo dubladas por ela, o irmão usando cocar de penas, a construção de um forno de barro e a apresentação da família usando o cariços, uma espécie de flauta. “Hoje eu trouxe meu pai e meus irmãos para tocarem esse instrumento que é uma parte de nossas cerimônias quando recebemos visitantes”, conta a indígena.
Cunhaporanga se especializou no TikTok e, entre um filtro e outro, conta sobre o ritual da pintura de rosto da sua etnia que, segundo ela, serve para espantar espíritos do mal. O sucesso foi tanto que, para se ter uma ideia, 2 milhões de pessoas assistiram a retirada da tinta no rosto, com a lavagem feita apenas com água e sabão.
Antes restrita a turistas disposto a pegar 2 aviões e 1 hora de barco rio acima a partir do município de São Gabriel da Cachoeira, a realidade de Cunhaporanga está agora na palma da mão.