Mais polêmicas envolvendo a conduta on-line de atletas brasileiros
O comentário homofóbico que gerou demissão e processo judicial ao jogador de vôlei Maurício Souza – antes ligado ao Minas Tênis Clube – segue rendendo repercussões negativas, desta vez saindo das quadras e entrando em campo. É que Matheus Bachi, auxiliar técnico da seleção brasileira de futebol e filho do treinador Tite, e o volante do Palmeiras Felipe Melo curtiram a postagem de Maurício e se tornaram alvos de críticas ferrenhas. Bachi também tem distribuído likes em outras mensagens de perfis críticos aos movimentos feministas e LGBTQIAP+.
A conduta dos atletas provocou reações imediatas da sociedade e da imprensa, pressionando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a emitir uma nota a respeito, na qual reforça seu compromisso “com um futebol livre de qualquer preconceito ou discriminação.” O texto diz, ainda, que “por meio da campanha ‘Todos Iguais’, existente há quase uma década, defende um esporte solidário e que integre todas as cores, origens, crenças, gêneros ou condições físicas, utilizando como plataforma de divulgação suas competições e atividades da seleção brasileira”.
Bachi também foi repreendido pelo pai. Constrangido, Tite disse em entrevista que “todo preconceito não deve existir, estamos num processo de igualdade na sociedade, seja de cor, raça ou sexo”.
Para quem não lembra, Mauricio Souza reagiu nas redes sociais ao ver o anúncio da nova HQ da DC Comics – na qual o personagem Jonathan Samuel Kent, filho de Superman e Lois Lane, se descobre bissexual. O campeão olímpico na Rio 2016 escreveu na postagem: “Ah, é só um desenho, não é nada demais… Vai nessa que vai ver onde vamos parar”.
Anúncios de sites de busca podem configurar concorrência desleal
Mais um assunto para ficar de olho quando o tema é a comportamento on-line. Empresas estão sendo processadas por usar a marca do concorrente como palavra-chave para divulgar seus produtos e serviços por meio de links patrocinados – que são aqueles anúncios de destaque vendidos por sites de busca. Na avaliação de magistrados, a prática pode configurar concorrência desleal porque gera confusão entre os consumidores.
Situações como essa cresceram durante a pandemia de Covid-19, momento em que as vendas pela internet ganharam protagonismo. Segundo relatório da empresa de análise de dados Ebit|Nielsen e do Bexs Banco, as transações via comércio eletrônico bateram recorde no primeiro semestre: R$ 53,4 bilhões – 31% a mais em relação ao mesmo período de 2020.
Em um dos casos, julgado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), uma empresa que vende roupas infantis foi condenada a indenizar uma concorrente. Para o relator do processo, desembargador Grava Brazil, a prática “configura aproveitamento parasitário ou carona no prestígio de marca alheia, visto que é mecanismo para que o apelante [o réu] seja conhecido por quem procurou por outrem”.
Há situações, porém, em que o Judiciário entende que não há ilegalidade na utilização dos serviços de links patrocinados. Mesmo sem consenso, já há decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) contrária à prática – o que acaba embasando os veredictos dos tribunais de justiça brasileiros.
Homem se fantasia de goleiro Bruno, debocha do assassinato de Eliza Samúdio e é demitido
Em Manaus, mais um exemplo de como a conduta na internet impacta diretamente na vida das pessoas. Um homem foi demitido depois de se fantasiar de goleiro Bruno em uma festa de Halloween e debochar da morte da modelo Eliza Samúdio. Tatuador, ele foi desligado do estúdio do qual era sócio após a repercussão negativa de uma foto postada em uma rede social, na qual aparece vestido com uma camiseta do Flamengo, com a identificação “Bruno”, e segurando um saco de lixo com o nome “Eliza”.
O estúdio de tatuagem El Cartel divulgou uma nota na internet, alegando não compactuar com qualquer forma de incitação à violência contra a mulher e esclarecendo o fim da parceria com o ex-sócio. A casa de shows onde aconteceu a festa também apagou a publicação e afastou o funcionário responsável pelo post.
O goleiro Bruno foi condenado a 22 anos de prisão pelo sequestro, cárcere privado, assassinato e ocultação do corpo de Eliza Samúdio, assassinada em 2010. À imprensa, a mãe da modelo disse que vai procurar a Justiça para tomar as medidas necessárias. Já a Polícia Civil do Amazonas disse que o homem terá que prestar esclarecimentos pela conduta.