Dia da Consciência Negra ganha homenagem com dicionário antirracista
Cresce a demanda de instituições que buscam recursos que guiem seus funcionários e, principalmente, seus porta-vozes, a terem cuidado com a fala e seus posicionamentos. Para tanto, muitas organizações têm criado dicionários e cartilhas orientativas. A Defensoria Pública da Bahia foi uma das que aderiu e lançou, para celebrar o Dia da Consciência Negra, o dicionário “Expressões Racistas do Cotidiano”, que visa conscientizar a população contra o uso de frases e termos racistas no cotidiano.
O dicionário antirracista traz várias expressões comumente ditas pela população, de forma intencional ou não, mas que podem afetar as pessoas negras das mais diferentes formas. Dessa forma, a publicação faz parte de uma série que a Defensoria já publica em suas redes sociais sobre conscientização contra o racismo.
Segundo a coordenadora da Especializada de Direitos Humanos da Defensoria, Eva Rodrigues, “o que as pessoas muitas vezes não percebem é que estas microagressões afetam diretamente o povo negro, rebaixam sua autoestima e colocam as pessoas negras num lugar de inferioridade moral, estética, social e intelectual frente às pessoas brancas, que seguem intocadas em seus privilégios”.
Para conhecer o dicionário “Expressões Racistas do Cotidiano”, acesse o link.
Carrefour tenta se adequar às práticas de ESG um ano após o Caso João Alberto
Apesar das empresas serem cada vez mais cobradas por iniciativas ESG e dessa agenda estar sendo posta em prática, nem sempre as suas ações são divulgadas. É suma importância de se investir no marketing de divulgação dessas ações ligadas ao ESG e a necessidade desse conceito ser prioridade e ser apoiado pelos conselhos diretivos das empresas. O impacto dessas iniciativas na imagem e reputação empresarial são grandes.
É o que vem fazendo o Carrefour Brasil ao longo deste um ano após a morte de João Alberto, um homem negro, ser morto asfixiado por dois seguranças em uma unidade da rede de hipermercados em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Ocorrido no Dia da Consciência Negra, o fato gerou diversos protestos antirracistas na frente de diversas unidades da rede Carrefour em todo Brasil e afetou também as relações com patrocinadores e as ações da varejista nas carteiras de bolsas de valores ligadas ao conceito do ESG foram retiradas.
Foi o que aconteceu com a ação ordinária do Carrefour da lista do indicador S&P/B3 Brazil ESG criado pela bolsa B3, em conjunto com a S&P Dow Jones, para acompanhar essas práticas das empresas brasileiras. Já a carteira ESG da Necton, substituiu o papel do Carrefour Brasil pelo da concorrente Grupo Pão de Açúcar. Além de ter perdido valor no mercado, o grupo varejista criou para si com um problema de imagem difícil de ser metrificado, inclusive porque não foi a primeira vez que o Carrefour foi palco de casos de violência.
Com essa pressão, o Carrefour Brasil adotou medidas de ESG, agenda que pauta as empresas a serem mais conscientes, atuarem com justiça social, zelarem pelo ambiente e a terem uma governança forte. Assim, o grupo criou programas de inclusão social, um plano para combater o racismo, políticas contra discriminação, além de uma iniciativa sobre liderança negra. Além disso, o grupo assinou, em junho deste ano, um Termo de Ajustamento de Conduta, o TAC, com órgãos públicos e implementou um novo sistema de segurança.
Heineken lança rótulos com apelo ESG, mas não adota o mesmo tratamento a distribuidores
A Heineken traz mais um exemplo da importância do mantra de comunicação organizacional que prega o alinhamento de discurso e prática empresariais e de como isso afeta a imagem e a reputação, ativos empresariais tão relevantes. Ao assumir um compromisso público com a sociedade, é esperado que as empresas, assim como a cervejaria, prestem informações verídicas sobre suas práticas e resultados e não mascare informações sobre os reais impactos das suas práticas de sustentabilidade e iniciativas ESG. Não é o que a cervejaria parece estar fazendo.
Atenta à agenda ESG, a Heineken lança, neste mês, três novos rótulos de suas garrafinhas de 330 ml, que serão colecionáveis e limitadas. A ideia é reforçar os compromissos e ações da cervejaria para um futuro mais sustentável. Até a famosa estrela vermelha, símbolo da marca, temporariamente será verde. Desde 2020 a produção da Heineken é feita com energia 100% renovável nas fábricas de Alagoinhas (BA), Araraquara (SP), Ponta Grossa (PR) e, até 2023 em Jacareí (SP).
Contudo, as iniciativas de ESG da cervejaria parecem não incluir o seu comportamento com seus distribuidores. É o que afirma o parecer solicitado por um grupo de distribuidores da cervejaria, no qual a especialista em ESG, Priscila de Oliveira alega conflito entre as ações da Heineken e o seu discurso sobre práticas ambientais, sociais e de governança.
Os distribuidores estão insatisfeitos com a política de contratos da cervejaria. O parecer faz parte de uma ação movida pela distribuidora Avante, que conquistou clientes e fez investimentos para atender à demanda e melhorar os serviços prestados e, dessa forma, criou uma legítima expectativa de continuidade do contrato. É esperado que a empresa tenha práticas que beneficiem não apenas ao meio ambiente, mas também com relação aos seus stakeholders.