O clima frio e seco vai ganhando Brasília. Está chegando a época em que o horizonte da capital federal dá verdadeiros shows de pirotecnia. Mas ainda há muita turbulência no céu do Planalto Central que, nem de longe, pode ser chamado de céu de brigadeiro. A política tem sido feita diante de conflitos, acusações e frustrações. A Covid-19 contribui ainda mais para o desgaste. Há, entretanto, alguns lampejos positivos.
Apesar da poeira levantada por manifestações barulhentas no fim de semana, que trouxeram faixas agressivas ao Judiciário e ao Legislativo, a Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, a PEC do Orçamento de Guerra. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ), vai pontuando para a mídia o quanto tem trabalhado para garantir que o enfrentamento à Covid una forças na Câmara dos Deputados. Busca, assim, fôlego político e destaque para as próximas eleições.
Maia faz discurso conciliador, defende o retorno da agenda reformista, diz que o diálogo com o ministro Paulo Guedes permanece, e que vai colocar em votação projeto de lei que o obriga a população a usar máscaras. Quer ser propositivo.
Enquanto isso, pesquisas vão sendo feitas por institutos reconhecidos, na tentativa de captar o sentimento do brasileiro depois da demissão do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, com direito a denúncias contra o presidente da República e depoimento de oito horas à Polícia Federal. Há pelo menos dois institutos ligando para ouvir a opinião da população sobre o momento do país.
Alguns flashes:
- Manifestações contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, apoiadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no fim de semana, receberam duras críticas da imprensa no dia de hoje. Juristas foram entrevistados para explicar o porquê do sistema de freios e contrapesos (veja nota a seguir).
- A defesa do ex-ministro Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, pediu ao ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que libere a íntegra do depoimento de mais de oito horas, prestado na Superintendência da Polícia Federal sábado passado (2 de maio).
- General Walter Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, disse que agressões contra jornalistas durante manifestações pró-governo são inadmissíveis. “Liberdade de expressão é requisito fundamental e a liberdade de imprensa é prezada como um todo. O que pedimos, exatamente, é que mostrem todos os lados. Qualquer tipo de agressão a jornalistas, isso é opinião minha e do governo, tem de ser apurada. E ela é inadmissível.”
- O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investigue as agressões a socos e pontapés praticadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contra jornalistas que faziam a cobertura do ato realizado ontem, na frente do Palácio do Planalto. Segundo Aras, agressões são de “elevada gravidade”.
- O novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, foi nomeado e, menos de uma hora depois, tomou posse em cerimônia fechada no Palácio do Planalto. Vinte minutos depois, segundo o Estadão, ele trocou o comando da superintendência da corporação no Rio de Janeiro.
- Em live com o publicitário Nizan Guanaes, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), disse que sempre deixou claro que apoiaria a agenda econômica, mas que não era adepto da agenda de costumes.
- O Valor destaca aspas de Maia sobre reformas: “Não era impossível a reforma da Previdência? Por que as outras não vão passar? Importante estarmos (os Poderes) unidos depois da crise. Esse sistema tributário não levará o Brasil a lugar nenhum. Esse sistema de administração pública precisa mudar. Depois da pandemia, só há um caminho: começar reforma administrativa e retomar, em junho, a comissão especial da reforma tributária. Acredito que a mesma coisa que a gente conseguiu fazer com a reforma da Previdência a gente consiga fazer com as reformas administrativa e tributária”.
Freios e contrapesos
No portal do Conselho Nacional do Ministério Público: a expressão vem do inglês checks and balances, que significa o sistema em que os Poderes do Estado mutuamente se controlam. Assim: o Legislativo julga o presidente da República e os ministros do Supremo Tribunal Federal nos crimes de responsabilidade; o presidente da República tem o poder de veto aos projetos de lei e o Poder Judiciário pode anular os atos dos demais Poderes em casos de inconstitucionalidade ou de ilegalidade.
Lorenzoni será ouvido pela comissão de acompanhamento do coronavírus

Depois de Nelson Teich da Saúde e Paulo Guedes da Economia, na quinta-feira (4/5) será a vez do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, falar sobre sobre as ações da pasta para o enfrentamento à Covid-19.
O ministro já confirmou a presença e deve ser questionado sobre os problemas na execução do pagamento e da demora na aprovação dos cadastros, além da “negação de benefícios sem justificativa aparente para pessoas que, em tese, seriam elegíveis segundo a lei”. As aspas são do requerimento do senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE) para ouvir Lorenzoni.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP) e o deputado Reginaldo Lopes (PT/MG), ambos membros da Comissão Mista de acompanhamento das medidas relacionadas ao Coronavírus devem compor o front da oposição e pressionar o ministro durante a reunião por videoconferência.
Já o líder do PDT, senador Weverton (MA), adiantou que questionará ao ministro quanto aos descontos do auxílio emergencial as eventuais dívidas que o cliente tenha com instituição financeira.
Braga Netto no controle dos botões

Após a saída de Luiz Henrique Mandetta da chefia do ministério da Saúde, o general Walter Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil, assumiu o comando da pasta, ainda que indiretamente. Segundo fontes do Executivo, Nelson Teich é quem fala pelo ministério, mas, nos bastidores, o núcleo militar está cada vez mais empoderado, com o aval do presidente Jair Bolsonaro.
Além do secretário-executivo, o general de divisão Eduardo Pazuello, indicado por Braga Netto, o secretário de Assuntos Especiais da Presidência, almirante Flavio Rocha, recebeu a incumbência de acompanhar de perto a transição do ministro da Saúde e fazer a interface entre a pasta e o ministro da Casa Civil.
A edição do diário oficial de hoje (4/5) trouxe a exoneração do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, amigo de Teich, mas ligado à gestão de Mandetta.
A nomeação do novo secretário foi assinada por Braga Netto sem a rubrica de Teich, o que pode indicar orientação do ministro da Casa Civil na escolha do comando das secretárias de Saúde. O coronel do exército Antônio Élcio Franco Filho, secretário-executivo adjunto,também foi nomeado na semana passada sem a assinatura do futuro chefe.
Outras mudanças poderão vir ao longo da semana, como a saída de Wanderson Kleber da Secretaria de Vigilância em Saúde, braço direito de Mandetta na gestão da crise sanitária, e Francisco de Assis da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde.
Arena de Ideias: mulheres contra a Covid-19

Segundo relatório Mulheres no Centro da Luta Contra a Covid-19, da ONU Mulheres, elas tiveram as rotinas completamente afetadas pelo novo coronavírus. E isso aconteceu no mundo todo. Enfrentam jornadas triplas ou quádruplas. Trabalham, cuidam das casas, acompanham de perto a educação dos filhos (mais ainda com as escolas fechadas) e prestam assistência aos idosos da família.
As profissionais que trabalham na área de Saúde exigem mais atenção ainda. Cuidam diretamente de pacientes contaminados pela Covid-19. São enfermeiras, médicas, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, psicólogas, que atuam nos hospitais, muitas dentro das UTIs, e depois vão para casa com o receio de levar a doença para a família.
Violência
Há outro lado muito doloroso da Covid-19: o isolamento social tem aumentado os casos de violência e assédio contra as mulheres. Confinadas por causa do coronavírus, muitas não estão denunciando a violência que sofrem porque têm medo de sair de casa e adoecer.
Para debater todos esses temas, Arena de Ideias, o webinar da In Press Oficina, vai receber na próxima quinta-feira, 7 de maio, às 9h30, Adriana Carvalho, gerente regional do Programa Ganha-Ganha da ONU Mulheres Brasil; e a bioquímica e presidente Executiva do Grupo Sabin Medicina Diagnóstica, Lídia Abdalla. A sócia-diretora da In Press Oficina fará a ponte com a Comunicação, mostrando como é importante dar voz as mulheres durante a pandemia.
Todo debate poderá ser assistido no canal do Youtube da In Press Oficina. Inscreva-se no link: http://web.inpressoficina.com.br/webinar-5

Recomendações da ONU Mulheres
Segundo a Organização das Nações Unidas, as mulheres foram duramente atingidas pela Covid-19. Representam 70% das pessoas que trabalham no setor social e de saúde em todo o mundo e estão na linha de frente.
Muitas mulheres trabalham na economia informal e em empregos com salários mais baixos, tendo menos meios de se ajustar às dificuldades econômicas trazidas pela pandemia de coronavírus.
“Quando as famílias são colocadas sob pressão, a violência doméstica geralmente aumenta, assim como a exploração sexual. A Covid-19 provavelmente está impulsionando tendências semelhantes no momento”, diz o site da ONU Mulheres. Vale anotar as orientações:
- Compartilhe os cuidados em casa
Desde cozinhar e limpar, buscar água e lenha ou cuidar de crianças e pessoas idosas, as mulheres realizam três vezes mais tarefas domésticas e trabalho não remunerado do que os homens. Cabe a toda família compartilhar o cuidado: o apoio a crianças por meio de ensino à distância ou a pessoas idosas e vulneráveis, cozinhar, limpar e administrar as famílias.
- Conheça os fatos da COVID-19
Obtenha informações de fontes confiáveis e de especialistas. Você pode aprender mais sobre por que o gênero é importante na resposta à Covid-19 e obter informações e análises atualizadas na ONU Mulheres no documento: Igualdade de gênero é importante na resposta do COVID-19. E aprenda mais com as Nações Unidas aqui: https://nacoesunidas.org/tema/coronavirus/
- Leia, assista, ouça e compartilhe histórias de mulheres
Aprenda mais sobre feminismo enquanto fica em casa. Encontre programas, podcasts, contas de mídia social e filmes exibidos, escritos ou produzidos por mulheres. Confira a coleção Porque ela assistiu no Netflix. Foi elaborada pela ONU Mulheres para celebrar histórias inspiradoras.
- Fale sobre a igualdade de gênero com sua família
Distanciamento social significa que o lar se torna uma escola para muitas famílias em todo o mundo. Adicione feminismo ao currículo. Converse sobre igualdade de gênero com sua família, amigos e amigas – especialmente crianças, meninos e meninas.
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“Novo normal” na voz de Blanc

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