Foto: TV Câmara/Reprodução
O que teria motivado o discurso de hoje do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/]RJ)? Segundo fontes do Congresso Nacional, nota oficial do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, causou desconforto no Parlamento. O texto tratava de um possível risco à estabilidade nacional em uma eventual apreensão do celular do presidente. Somou-se a isso, as tensões causadas pela fala agressiva do ministro da Educação contra os ministros do Supremo Tribunal Federal.
Incomodados com o momento, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ) e as principais lideranças da Câmara dos Deputados redigiram o discurso proferido hoje. Entre os colaboradores mais veementes do texto está o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), que andava um tanto apagado. Há notícias de que até mesmo o líder informal do governo, deputado Arthur Lira (PP/AL), tenha negociado parte da fala de Maia. Veja trecho da fala de Maia:
“Mantenho diálogos institucionais permanentes com o Executivo federal. Nos momentos mais tensos das relações entre os poderes, mesmo criticado, sempre coloquei acima de tudo o interesse nacional. Nunca desisti de construir pontes e de destruir muros. Devo dizer ainda, por dever de Justiça, que tenho tido, por parte dos senhores e senhoras ministros, grande reciprocidade.
Há duas semanas estive com o Excelentíssimo senhor Presidente da República, e para ser fiel à verdade, devo dizer que fui recebido com elegância e cordialidade, como mandam os ritos.
Depois, junto com o presidente do Senado, ajudei a construir a importante reunião do presidente com os governadores de estado. Foi uma reunião exitosa. Dialogar é da natureza do Parlamento. Por isso, vejo com naturalidade o esforço do governo federal para ampliar sua base política. Ao invés de ser criticado, esse esforço deve ser respeitado. O sistema democrático exige a convivência republicana entre Executivo e Legislativo.
Também conservamos um necessário e respeitoso entendimento com o Poder Judiciário, e em particular com os Tribunais Superiores. Não podia ser diferente. Preservar a harmonia e a independência entre os poderes significa compreender um pilar fundamental da democracia. As senhoras e os senhores ministros do STF sabem que este parlamento respeita e cumpre as decisões judiciais, mesmo quando delas discorda. é isso o que determina a carta constitucional, e todos juramos respeitá-la.
Importante frisar ainda que temos mantido com a imprensa uma relação constante e construtiva, recebendo as críticas e análises com humildade, porque todos sabemos o importantíssimo papel da imprensa livre, e dos profissionais de imprensa, na consolidação da democracia.”
Exaltado por bolsonaristas após vídeo, Weintraub sofre com pressão política

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi um dos mais afetados pela divulgação do vídeo da reunião ministerial citada pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, em inquérito sobre possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Na ocasião, Weintraub foi responsável por algumas das declarações mais inflamadas. Em um momento, chegou a afirmar que, por ele, “botava todos esses vagabundos na cadeia”, ao se referir aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por um lado, a divulgação do vídeo reascendeu a popularidade do ministro entre apoiadores de Bolsonaro. No Twitter, hashtags foram levantadas em defesa de Weintraub, algumas chegando a colocá-lo como presidenciável para 2026. Por outro lado, trouxe sobre ele forte pressão dos demais poderes.
Além da convocação aprovada ontem (25/5) pelo Senado Federal, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou que o ministro da Educação seja ouvido pela Polícia Federal em até cinco dias para esclarecer as declarações feitas durante a reunião ministerial.
Segundo o portal G1, assessores de Bolsonaro defendem a saída de Weintraub antes mesmo da audiência no Senado. A ação preveniria maiores danos ao governo e poderia melhorar a relação do Executivo Federal com o Congresso Nacional e com o Judiciário. Nos bastidores do Congresso, a exoneração do ministro não é uma opção, é a única. Ironicamente, pode cair em seu momento de maior popularidade.
O papel da imprensa no combate à Covid-19

A Covid-19 revelou mazelas há muito já existentes no país e ainda não resolvidas. Tirou profissionais de todas as áreas do conhecimento da zona de conforto para a busca de reversão do quadro de crise. Questões sensíveis da Saúde, da Economia, da Política estão amplamente expostas. Cobra-se do governo, mas a iniciativa privada também fez a auto-crítica, encontrou fragilidades enormes e as tenta sanar rapidamente. O momento de reflexão não tem sido diferente para a imprensa. Cobra-se dela cobertura exemplar. Veículos vêem críticas e desafios se acumularem diariamente. Não podem parar.
Desde as eleições de 2018, repórteres, editores, produtores voam-se pressionados pelas redes sociais, que saíam na frente em coberturas e roubavam audiência. O governo e o Parlamento aprenderam a se transformar em mídias e a usar a tecnologia para dar lastro a suas ideias e opiniões pela internet. Nos ambientes virtuais, lançavam programas, criticavam opositores e respondiam críticas. A imprensa também competiu com as fake news, que geram muita audiência até serem descobertas, e debateu-se com guerrilhas virtuais.
Freada de arrumação
A Covid-19, entretanto, é um marco ao pedir uma freada de arrumação. Impôs a necessidade de cuidado com o que é verdadeiro. Afinal, trata-se de um momento de vida ou de morte. A sociedade, na guerra entre o fake e o fato, voltou novamente os olhos aos veículos de credibilidade. E os jornalistas foram chamados a mostrar que estão prontos para servir ao público.
A missão só pode ser cumprida com fôlego. Na cobertura da pandemia, os repórteres e suas equipes têm se visto em cenários de guerra, diante de famílias atordoadas pela morte dos parentes, UTIs abarrotadas e histórias de dedicação incansável de profissionais exemplares da Saúde. Para entrar em um hospital de maneira a entrevistar pacientes, médicos e outros profissionais, os jornalistas têm sido obrigados a se preparar para uma guerra: usam máscara normal ou N95, máscara shield, sapatos fechados, luvas, etc.
Todas essas questões estarão em pauta na quinta-feira, dia 28 de maio, a partir das 9h30. Esta semana, o webinar Arena de Ideias debaterá a cobertura jornalística e o papel da imprensa no cenário de combate à Covid-19. Luiz Fara Monteiro, da TV Record, e Paulo Trevisani, da Agência Dow Jones, serão os convidados para uma análise profunda do cenário atual. Patrícia Marins, sócia-diretora da In Press Oficina trará o olhar da gestão de crise em um momento com tanta necessidade de informação e bom senso. A moderação será da diretora de Relacionamento com o Poder da In Press Oficina, Fernanda Lambach.
Cobertura e segurança

Mas não é só a cobertura da Covid-19 que tem sido desafiadora para a imprensa brasileira. A polarização política recrudesceu durante a crise do coronavírus. Um exemplo é o que tem acontecido em frente ao Palácio do Alvorada, onde o presidente da República, Jair Bolsonaro, costuma parar, diariamente, para conversar com apoiadores. Repórteres de política, fotógrafos e cinegrafistas, que cumprem ali suas missões, passaram a ser agredidos verbalmente e hostilizados. Ontem (25/5), algumas empresas como a Rede Globo e a Folha de S.Paulo decidiram não mais fazer o acompanhamento do Alvorada por causa da falta de segurança.
Hoje, em resposta, o Gabinete de Segurança Institucional do palácio do Planalto, chefiado pelo ministro Augusto Heleno, divulgou nota oficial dizendo que “criou as melhores condições possíveis para o trabalho dos profissionais de imprensa” no Palácio da Alvorada.
Para que serve um jornal?

Para esquentar os motores para o webinar de quinta-feira, segue um trecho do editorial escrito pelo poeta TT Catalão e publicado em 1999 pelo jornal Correio Braziliense.
- Um jornal serve para pensar. E ser pensado por gente livre. Um jornal não é administrado por máquinas servis. Um jornal serve quando desperta atitudes.
- Serve quando é veículo dos muitos meios, modos, culturas e linguagens componentes de uma sociedade.
- Serve e é estimulante e rico quando abriga as contradições e com elas convive. E só estará vivo e em intensa atividade se servir aos que o leem e o sustentam.
- Um jornal serve quando não teme. Nem o conflito natural das divergências nem o confronto acintoso com quem tenta intimidá-lo.
- Um jornal serve quando se expõe até a equívocos, mas extrai lições e busca avançar não permitindo que a prudência se confunda com o medo.
- Um jornal serve como serviço público, que é a definição mais básica de imprensa como instituição.
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