Fonte: Agência Bras
“A imprensa tem um papel ativo no combate à pandemia, já que a cobertura da Covid-19 se assemelha a de uma guerra. A informação, com precisão e credibilidade, é uma arma vital para achatar a curva da doença e salvar vidas.” A afirmação é de Patrícia Marins, jornalista e sócia-diretora da In Press Oficina, durante o Arena de Ideias, webinar realizado nesta quinta-feira (28/5), e que discutiu o papel da imprensa na cobertura da Covid-19.
O debate promovido pela In Press Oficina reuniu especialistas em comunicação para discutir os novos desafios enfrentados pelos profissionais da mídia durante a crise, como a exposição e os riscos de contaminação, além das mudanças na rotina e nos ritos da cobertura jornalística nesse período desafiador. Também tratou-se do atual cenário de polarização política e o aumento dos casos de violência contra profissionais da imprensa no Brasil.
Participaram também do bate-papo virtual, o jornalista especializado em mercado financeiro da Agência Dow Jones e do The Wall Street Journal, Paulo Trevisani e o apresentador da TV Record e jornalista político, Luiz Fara Monteiro. A mediação foi de Fernanda Lambach, diretora de Relacionamento com o Poder Público da In Press Oficina.
Pesquisa do Datafolha, publicada em março, revela que as redes de televisão, com 61%, e os jornais impressos, com 56%, lideram o índice de confiança em informações sobre o coronavírus. Ambos são seguidos por programas jornalísticos de rádio (50%) e sites de notícias (38%).
De acordo com Patrícia Marins, especialista em gestão de crise, imagem e reputação, a busca por informações nos veículos tradicionais de comunicação reforça a importância e a credibilidade do jornalismo profissional e contribui para que a sociedade escape de armadilhas, como as fakes news, nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens.
“Com isolamento social, as pessoas se deram conta de que a rede sociai pode ser um criadouro de notícias falsas e espalhar um outro tipo de vírus, o das fake news. O que todo o cidadão que consome informação quer é credibilidade e ela sempre esteve associada à informação de confiança. Em tempos de pandemia, esse atributo ganha ainda mais poder. O jornalismo sério e competente é um dos pilares da república moderna e das democracias contemporâneas”, ressalta.
O apresentador da TV Record, Luiz Fara Monteiro (foto) enxerga como um dos pontos marcantes da cobertura da crise a rápida adaptação dos profissionais de comunicação com uma nova realidade no relacionamento com as fontes e também com o uso de equipamentos de proteção como as máscaras.
“Neste momento surreal, tivemos que nos adaptar da noite para o dia e usar novas tecnologias, assim como outras categorias profissionais. O contato próximo com as fontes foi interrompido o que traz mais dificuldades para apurar e checar as informações. Apesar das provações e pressões, acredito que todo o trabalho é feito com a intenção de beneficiar a sociedade, ouvindo diferentes fontes, como cientistas e médicos, para trazer conhecimento à população com informações corretas e checadas”, garante.
Ameaças à imprensa
Os casos de ameaças e violência física contra profissionais da comunicação têm ganhado visibilidade nos últimos meses. Na última semana, o Grupo Globo, o jornal Folha de S.Paulo, a Band e outras empresas de comunicação decidiram não enviar mais jornalistas ao Palácio da Alvorada para cobrir as entrevistas do presidente da República, Jair Bolsonaro. Apoiadores do governo têm intimidado e agredido repórteres verbalmente no local.
Segundo Paulo Trevisani, jornalista do The Wall Street Journal, a imprensa historicamente sempre sofreu com pressões e casos de violência. Para ele, o aumento dos casos se dá, entre outros fatores, pela intensa polarização politica no país e pelo fato do combate à Covid-19 também ser um tema político sensível, não apenas no Brasil, mas também em países que tiveram números crescentes de mortes, como China, Itália e Estados Unidos.
“O Jornalismo sempre esteve sob ataque. Qualquer profissional que esteja em situação de risco é preocupante e é preciso cuidado. É importante que a profissão sobreviva, se defenda com todas as forças, mas, ao mesmo tempo, se pergunte também sobre os motivos dos ataques. Os jornalistas estão se adequando a nova situação profissional e aprendendo coisas novas.”
Para Trevisani, a crise da Covid-19 ressalta a importância da atuação do jornalismo profissional e sua contribuição para a população. “Tenho certeza de que a profissão de jornalista sairá fortalecida dessa crise e poderá capitalizar isso de forma ética e profissional para que, no futuro, o trabalho da imprensa seja ainda mais útil à sociedade”, completa.
Para assistir, acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=JGgM2X9FzXY
Gandhi, Marshall e a Comunicação Não-Violenta

Comunicação Não-Violenta — técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais éa obra-prima do principal autor do tema, Marshall Rosenberg. O livro tão em voga tem prefácio de Arun Gandhi. Neto do grande pacifista, fundador e presidente do M. K. Gandhi Institute of Nonviolence, na adolescência, Arun ficou muito revoltado com a situação do apartheid, na África do Sul. Seus pais o mandaram, então, para a Índia, de maneira que aprendesse com o pensamento e os exemplos do avô.
Nos últimos anos, o tema da comunicação não-violenta (CNV) tem sido debatido como nunca e se transformou em matéria essencial a ser ministrada e debatida durante media trainings, coachings e outras capacitações destinadas a líderes de organizações. As lideranças, por sua vez, nunca estiveram tão focadas em aplicar e repassar o conhecimento para seus times.
Segundo Arun Gandhi, “a menos que nos tornemos a mudança que desejamos ver acontecer no mundo” (como diria meu avô), nenhuma mudança jamais acontecerá”. De acordo com ele, a não-violência não é uma estratégia que se possa utilizar hoje e descartar amanhã, nem é algo que nos torne dóceis ou facilmente influenciáveis. “Trata-se, isto sim, de inculcar atitudes positivas em lugar das atitudes negativas que nos dominam.”
O mundo em que vivemos, diz Arun Gandhi, é aquilo que fazemos dele. “Se hoje é impiedoso, foi porque nossas atitudes o tornaram assim. Se mudarmos a nós mesmos, poderemos mudar o mundo, e essa mudança começará por nossa linguagem e nossos métodos de comunicação.” O livro de Marshall Rosenberg parte daí.
Um choque
Em oficina ministrada recentemente em Brasília, a psicóloga Fabi Hillerman contou como, ao estudar a comunicação não-violenta, acabou se surpreendendo consigo própria: “Foi uma grande surpresa e também um choque perceber o quanto havia de violência na minha forma de comunicação. Sou uma pessoa calma, educada, com voz doce e simpática, por isso nunca me julguei violenta, mas percebi que era.“
De acordo com Hillerman, “a CNV é um processo de linguagem que visa promover alta qualidade de conexão e consciência nas relações, nos inspirando ações compassivas e não-violentas. Sua estrutura e conjunto de habilidades apresentados nesse processo, nos auxiliam na abordagem de problemas humanos que surgem desde as relações mais íntimas até conflitos de grande proporção”.
A psicóloga e master coach Luca Andrade reforça que a escuta empática é um pilar fundamental da CNV. “Significa sairmos do nosso lugar de fala. Saber e enxergar o outro tal como ele se apresenta. Para isso, fazer perguntas de forma a explorar e entender o outro e suas colocações é nossa principal ferramenta.”
Segundo Marshall, cada violência é a expressão de uma necessidade não atendida. Daí a importância de ouvir o outro, entender qual a sua necessidade, não julgar, entender os próprios sentimentos diante da necessidade do outro para, somente depois, fazer um pedido ao interlocutor.
Por onde andou o ministro Pazuello

Qual o futuro do Ministério da Saúde? Impossível prever agora. Em meio à substituição de servidores, chegada de militares para ocupar cargos estratégicos e mudanças nos ritos, a pasta faz a gestão da maior crise que já enfrentou. Para dar uma resposta a dados trágicos, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, esteve na Região Norte esta semana.
No Amazonas, Pazuello inaugurou uma ala no hospital Nilton Lins destinada ao tratamento de indígenas que estão doentes por causa da Covid-19. A cerimônia contou com a presença do governador do estado, Wilson Lima, e do secretário especial da Saúde Indígena, Robson Santos da Silva. Ativista salientaram, entretanto, que para além dessa breve inauguração, é necessário evitar que madeireiros e garimpeiros invadam terras dos indígenas levando o coronavírus aos territórios.
É bem verdade que, com a crise política sufocando o noticiário nacional, a viagem ficou em segundo plano. Hoje, com chamada na primeira página do site do Ministério da Saúde, há reportagem com dados sobre o apoio dado pela pasta ao estado do Pará. “Ao todo, o estado recebeu, neste ano, R$ 1,3 bilhão, que inclui recursos para a rotina dos serviços de saúde e valores extras para fortalecer o SUS diante da pandemia.”
Parece pouco para o tamanho do drama que representa a pandemia para os nortistas. O Jornal Nacional abriu a edição de hoje mostrando as dificuldades de Roraima e salientou que hospital de campanha não abriu porque não há equipamentos nem médicos. Em seguida, mostrou o grande número de óbitos no Amapá.
A dor não é melhor em outras regiões do país. O Rio de Janeiro passou a China em número de mortos. Estado chegou aos 4.856 óbitos, enquanto o país asiático tem 4.638.
O ministério, entretanto, mantém no tom otimista. Estampa na primeira página o número de pessoas que se recuperaram da Covid: 177.604. Não traz em destaque os casos registrados no país nem o número de mortos, que tem feito autoridades se solidarizarem com as famílias brasileiras, como o ministro do TSE, Luís Roberto Barroso, e telejornais encerrarem edições com homenagens aos que sucumbiram a doença.
Até a atualização dos dados feita pelo governo federal tem demorado a sair (hoje saiu depois das 20h) e as coletivas para informar a imprensa também são poucas. Pazuello não é formado em Medicina, mas se esforça em seu papel de gestor focado em logística e situações de guerra. Não sabe quanto tempo ficará à frente da pasta, mas atua como um soldado que tem uma missão a cumprir.
Leitura para a quarentena

“Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra e nasceu a vida. Mas antes da pré-história, havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.” Assim inicia Clarice Lispector a sua obra magistral A hora da estrela.
Entender o que se passava da alma da dona de personagens como “a mulher que matou os peixes” é desafio de leitores apaixonados não apenas no Brasil, mas no mundo todo. “Que mistérios tem Clarice”, perguntou Caetano Veloso.
A nova dica de leitura para a quarentena é a biografia Clarice — uma vida que se conta, escrita por Nádia Batella Gotlib, edição da Edusp. Segundo a autora, no livro entrelaçam-se vida e obra de Clarice Lispector. “Dados de informação de ordem biográfica e dados de leitura crítica de seus textos alternam-se e completam-se, sem que, equivocadamente, se estabeleçam mútuas relações de dependência.”
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