
Eleito em segundo turno com 50,9% dos votos válidos, o presidente eleito Luíz Inácio Lula da Silva (PT) movimentou a comunidade internacional na semana da sua vitória política. O candidato do PT, que já exerceu dois mandatos como chefe do executivo nacional, entre os anos de 2002 e 2010, sempre foi reconhecido por seu bom relacionamento diplomático na Comunidade Internacional.
Em seus governos anteriores, Lula estabeleceu uma boa comunicação não somente na política interna, com senadores, deputados e governadores, mas também na política externa, com líderes e autarquias do sistema internacional, incluindo aqueles que não exercem políticas de mesmo viés. Na década em que esteve à frente do Brasil, o presidente foi internacionalmente reconhecido, além de ter participado de eventos internacionais de organizações como a Organização das Nações Unidas (ONU), para discutir temas de segurança, meio ambiente, entre outros. Lula também participou ativamente dos acordos comerciais que o Brasil possui com os seus parceiros, incluindo o Mercosul e o BRICS, que são dois dos maiores deles.
A positiva repercussão internacional da vitória de Lula não é uma surpresa para a comunidade dos internacionalistas. O presidente eleito já foi parabenizado e reconhecido por líderes com quem estabeleceu relações diplomáticas anteriormente, em países da América do Sul, além de ter sido, antes mesmo de assumir o cargo, convidado pela ONU a participar da Conferência Internacional sobre Mudanças Climáticas, a COP 27, que acontecerá no Egito, entre os dias 6 a 18 de novembro. A expectativa é de que o presidente eleito exerça um mandato em consonância com o que já foi feito anteriormente, mantendo um diálogo ativo com líderes internacionais e fazendo política diplomática diante da comunidade internacional.
Reação articulada

Após a apuração das urnas no último domingo (30), que conclamou Lula o futuro presidente do Brasil, grupos bolsonaristas se colocaram nas ruas para bloquear acesso às rodovias em todo país. De alegações de fraude a pedidos de intervenção militar, os manifestantes já vinham se organizando duas semanas antes do pleito, em grupos de WhatsApp e do Telegram. Em 11 de outubro, o presidente Jair Bolsonaro esteve em Pelotas (RS) convocando seus eleitores para permanecer nas seções eleitorais após o fechamento destas, para acompanhar a apuração. Para os manifestantes, a fala do presidente incitava a paralisação em caso de perda, pois indicaria a manipulação dos resultados.
Autoridades como o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, repudiou os protestos e ordenou o imediato desbloqueio das estradas, além de afirmar que “aqueles que estão praticando atos antidemocráticos, serão tratados como criminosos, e a suas responsabilidades serão apuradas”. Moraes também foi duro com a atuação da Polícia Rodoviária Federal, determinando que as vias fossem desobstruídas. Caso o diretor-geral, Silvinei Vasques, descumprisse o mandato, poderia ser multado em R$ 100 mil por hora, afastado e até preso em flagrante.
Pronunciamento tardio

Na última terça-feira (01), o Presidente Jair Bolsonaro rompeu o silêncio, que durou quase dois dias, após a derrota nas urnas para o candidato petista. Em um pronunciamento no Palácio da Alvorada, Bolsonaro agradeceu aos 58 milhões votos, porém criticou os atos de violência em manifestações, se referindo aos bloqueios nas estradas promovidos por apoiadores bolsonaristas. O direito de ir e vir da população deve ser preservado, após o discurso coube ao ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), anunciar o início do governo de transição.
De acordo com o presidente, as ações dos manifestantes que defendem um golpe de estado são fruto de indignação e do sentimento de injustiça. Após o pronunciamento de Bolsonaro, os bloqueios parciais e totais nas rodovias federais e estaduais se intensificaram, gerando transtornos para população como o perigo desabastecimento de gasolina e a falta de alimentos nas cidades.
Na quarta-feira (02), Bolsonaro divulgou um vídeo nas redes sociais em que faz um apelo para a desobstrução das rodovias. Hoje, 04 de novembro, as rodovias federais têm somente interdições parciais. O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Polícia Federal que investigue os crimes cometidos pelo diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques.
Dada a largada

Anunciado por Gleisi Hoffmann (PT), presidente do Partido dos Trabalhadores, Geraldo Alckmin (PSB) é o nome escolhido para coordenar o governo de transição do presidente eleito no último domingo (30). Alckmin é o vice-presidente de Lula (PT) e ainda ontem (03) iniciou as movimentações para o processo de transição de governos.
O anúncio de Hoffmann saiu na última terça-feira (1º) e já na quinta-feira, o vice-presidente esteve no Congresso Nacional para reunião com relator do Orçamento para 2023, Marcelo Castro (MDB); e no Palácio do Planalto, onde se reuniu com o ainda presidente Jair Bolsonaro (PL) e com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Alckmin disse que a conversa com Nogueira foi “bastante proveitosa” e declarou que a “transição já começou”.
Quanto ao seu encontro com o relator do orçamento, Alckmin anunciou que será tratada com os presidentes do Congresso Nacional a aprovação de uma proposta para retirar do teto de gastos despesas com ações consideradas “inadiáveis”, para as quais não há recursos suficientes previstos para o ano que vem. A medida serviria para garantir o Auxílio Brasil de R$600,00 em 2023, além de outras promessas da campanha eleitoral. A manutenção do benefício, que já está sendo renomeado como “bolsa família”, foi uma das promessas de Lula durante a campanha eleitoral.
Durante os encontros, Alckimin esteve acompanhado de Gleisi Hoffmann e de Aloizio Mercadante, coordenador do plano de governo de Lula. Ele afirmou que, a partir de segunda-feira (07), os nomes escolhidos para compor a equipe de transição do governo já começarão a ser divulgados.