
Recomeçou nesta sexta-feira (7) a propaganda eleitoral gratuita do segundo turno das eleições, para a disputa presidencial e para a de governadores nos estados onde o pleito não foi decisivo em 2 de outubro. Nas primeiras peças de rádio, os candidatos agradeceram os votos e fizeram anúncios genéricos de seus planos. A campanha de Lula foi mais agressiva, repetindo peça negativa usada no primeiro turno desgastando a imagem de Bolsonaro. O presidente enfatizou os apoios recebidos de governadores. Mas nas redes sociais, a temperatura está alta desde a segunda-feira, com as fake news inundando as redes sociais e aplicativos de mensagens. Vídeos reais de situações que podem ser constrangedoras para algum candidato junto a algum público também estão sendo resgatados por apoiadores. É o caso dos vídeos de Bolsonaro em lojas maçônicas, que teria gerado reação negativa em alguns evangélicos. Nos próximos dias, os candidatos deverão dedicar parte da programação para anunciar planos e apoios recebidos neste segundo turno. Na próxima semana, já será possível verificar o quanto do espaço será dedicado aos ataques que busquem aumentar a rejeição do adversário, na tentativa tirar votos ou evitar que mantenha os do primeiro turno.
Propaganda Eleitoral Gratuita
De hoje (7) até o dia 28/10, cada candidato a presidente, ou a governador, onde houver disputa, terá igualmente cinco minutos de programa em cada horário da Propaganda Eleitoral Gratuita, além de inserções curtas distribuídas ao longo da programação. A veiculação se encerra dois dias antes da votação, que será em 30/10. Os horários serão os seguintes:
RÁDIO – 2ª a sábado
Presidente: de 7h às 7h10 e de 12h às 12h10.
Governador: 7h10 às 7h20 e das 12h10 às 12h20
TV – 2ª a sábado
Presidente: 13h às 13h10 e das 20h30 às 20h40
Governador: 13h10 às 13h20 e das 20h40 às 20h50
INSERÇÕES – 2ª a domingo 25 minutos por semana para cada candidato, dividido em peças de 30 a 60 segundos ao longo das programações de rádio e de televisão.
Campanha nas redes sociais
Assuntos do momento, como reality shows e fofocas sobre as celebridades, podem até circular entre os mais citados nas redes, porém o 2º Turno das eleições segue acirrado também nos trending topics do Twitter. A equipe de Digital Business da Oficina Consultoria vem acompanhando o tema no ambiente digital e destaca que, contabilizando o dia de ontem (6) até o momento, o ex-presidente Lula teve 299.464 menções nas redes sociais e principais portais, sendo 139.659 no Twitter. Já o candidato Jair Bolsonaro teve 325.595 menções, sendo 160.087 no Twitter.
Chama atenção a sentimentalização em torno dos dados computados. Segundo o levantamento, Lula teve 155.605 (55%) menções negativas; 77.036 (26%) neutras; e 66.823 (22%) positivas. E Bolsonaro teve 161.232 (50%) negativas; 83.409 (26%) positivas; e 80.954 (25%) neutras. Embora ambos tenham um percentual de menções mais negativas do que positivas, Bolsonaro teve mais publicações favoráveis a ele do que Lula. Os assuntos mais comentados durante a quinta-feira (6) foram as alianças formadas em prol das campanhas dos dois candidatos. Ontem, os criadores do Plano Real, os economistas Edmar Bacha e Persio Arida, além do ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, anunciaram voto em Lula no 2º turno e, do outro lado, Roberto Justus anunciou apoio à Bolsonaro em um vídeo divulgado por ele.
Pesquisas
As pesquisas eleitorais substituíram as urnas eletrônicas como alvo dos grupos bolsonaristas por “não preverem” os resultados efetivos das urnas. Os dirigentes dos institutos defenderam seus trabalhos, explicando o óbvio de que pesquisa é foto, não é previsão, mas a distância entre o retrato do dia e o resultado da urna sinalizou para muitos que o borrão na foto foi gerado pela máquina, e não por movimento do eleitor de um dia para o outro.
As primeiras pesquisas do segundo turno não ajudam a esclarecer as divergências. Nos números gerais, a pesquisa IPEC divulgada quarta-feira dá 51% para Lula e 43% para Bolsonaro, 8 pontos de diferença; a Poder Data de quinta-feira dá 48% para Lula e 44% para Bolsonaro, distância de apenas 4 pontos; e a Genial Quaest, também na quinta-feira, apontou 48% para Lula e 41% para Bolsonaro, diferença de 7 pontos. A Genial Quaest também pesquisou para onde iriam os votos e aponta que Lula ficaria com 39% dos votos de Ciro e 25% dos de Tebet, enquanto Bolsonaro ficaria com 26% de Ciro e 34% de Tebet.
Apoios do 2º Turno
Desde o fechamento das urnas, começou a movimentação dos candidatos para obter apoios no segundo turno das eleições presidenciais. A candidatura Bolsonaro foi mais ágil, e fez os primeiros eventos com governadores reeleitos e derrotados, transformados em comícios transmitidos ao vivo por emissoras de rádio e TV. A campanha de Lula optou por primeiro fechar os apoios com os partidos, para depois trazer seus candidatos e eleitos. Bolsonaro já recebeu apoio de 8 dos 15 governadores reeleitos. O principal apoio a Bolsonaro foi o do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB). O gesto, que significou para Bolsonaro o apoio dos governadores dos três principais colégios eleitorais do Sudeste (SP, MG, RJ) provocou a renúncia de vários secretários e indignou tucanos históricos. Já Lula teve como principal trunfo o apoio explícito do PDT, de Simone Tebet (MDB), de Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Tarso Jereissati, e de economistas próximos aos tucanos como Edmar Bacha, Pedro Malan, Persio Arida e Armínio Fraga
Apoio de Governadores
Bolsonaro | Lula |
DF – Ibaneis Rocha (MDB); RJ – Cláudio Castro (PL); MG – Romeu Zema (Novo); MS – Mauro Mendes (União Brasil); RR – Antonio Denarium (PP); PR – Ratinho Júnior (PSD); AC – Gladson Cameli (PP); GO – Ronaldo Caiado (União Brasil). | CE – Elmano de Freitas (PT); MA – Carlos Brandão (PSB); PI – Rafael Fonteles (PT); RN – Fátima Bezerra (PT); PA – Helder Barbalho (MDB); AP – Clécio Luís (SD). |
Orçamento cortado
O presidente Jair Bolsonaro inicia a campanha do segundo turno com insatisfação de parlamentares que ainda esperam receber seu quinhão do orçamento secreto e uma rebelião nas universidades e institutos federais, que tiveram suas verbas já ralas confiscadas na véspera da eleição, para cumprir metas orçamentárias da equipe econômica. O corte no Ministério da Educação somou R$ 2,4 bilhões, que, segundo o Ministério, poderão ser recompostos em dezembro. Até lá, universidades, e até hospitais universitários calculam quais atividades terão que ser suspensas, inclusive aulas, já que a verba pagaria água, luz, serviços de vigilância, entre outras despesas contínuas. O ajuste atingiu também o orçamento secreto em R$ 2,6 bilhões, criando incômodo para no presidente da Câmara, Arthur lira (PP-AL) e seus aliados deputados.
Cláusula de Barreira
Apenas 42% dos partidos brasileiros conseguiram atingir a cláusula de barreira e terão acesso aos recursos públicos dos fundos eleitoral e partidário e acesso ao horário eleitoral gratuito nas eleições de 2024. De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), foram 13 os partidos e federações que atingiram o mínimo exigido de 2% dos votos para deputado federal em todo o Brasil em, no mínimo, 1/3 das unidades federativas – ou 11 deputados distribuídos em 9 unidades. Os partidos são: PL; Federação composta por PT/ PCdoB/PV; União Brasil; PP; Republicanos; MDB; PSD; Federação PSDB/Cidadania; PDT; PSB; Federação PSol/Rede; Avante e Podemos. Dos 23 partidos com representação na Câmara, portanto, seis não atingiram a votação mínima: PSC, Patriota, SD, Pros, Novo e PTB. Eles poderão se fundir em federações ou ingressar em outras já existentes, para manter os benefícios.
Senado
Levantamento realizado pelo Congresso em Foco aponta que, sejam quem for o próximo presidente, o Senado será mais conservador que o atual, e 40 dos 81 membros terão perfil alinhado com o bolsonarismo. Outros 13 têm perfil neutro e 28 são adversários do atual governo. Das 27 vagas em disputa este ano, somente cinco continuarão ocupadas por senadores reeleitos: Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA) Romário (PL-RJ) e Wellington Fagundes (PL-MT). Aproveitando a nova correlação de forças, a senadora eleita do DF, Damares Alves (Republicanos -DF) já anunciou sua intenção de disputar a presidência da Casa. Para levar seus planos avante, talvez tenha que novamente enfrentar fogo amigo, como fez para derrotar a governista Flávia Arruda, derrotada por ela na disputa ao Senado. Agora, a potencial contendora seria a nova senadora Teresa Cristina (PP-MS).