
Foto: Ricardo Stuckert/ Lula.com.br
Na última semana, o presidente eleito do Brasil, Luís Inácio lula da Silva, chegou ao Egito sob grande expectativa, para participar da COP27 – Conferência Internacional das Partes sobre clima e mudanças climáticas. Convidado pela Organização das Nações Unidas, e pelos governadores do Consórcio Amazônia Legal, Lula (PT) proferiu, durante sua participação na última quarta-feira (16), um discurso sobre o combate à fome e ao desmatamento da Amazônia. Lula propôs uma aliança internacional para combater a fome no mundo, além de ter cobrado dos países ricos o cumprimento da promessa de recursos para enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas nos países mais carentes. O futuro presidente ainda prometeu tentar zerar o desmatamento até 2030 e promover punições ao garimpo, a mineração, a extração de madeira e a agropecuária ilegais. A aparição de Lula nas negociações climáticas foi saudada pelo jornal americano “Washington Post” como uma liderança importante para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas. Já o “New York Times” descreveu Lula como “exuberante”. Como outros líderes relevantes já não estavam mais no evento, por terem ido à reunião do G20 em Bali, Indonésia, a chegada de Lula “eletrizou a COP 27 no Egito”, segundo o jornal.
Mercado em estresse

Imagem: freepik
Enquanto Lula conquistava as plateias da COP no Egito, o mercado financeiro brasileiro entrou em estresse ao longo da semana, com queda da bolsa e elevação do dólar e dos juros pagos pelos títulos do Tesouro Nacional. O incômodo havia começado na semana passada, com a indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para a equipe de transição. Foi visto como sinal de que a política econômica poderia se aproximar da que vigorou no governo de Dilma Roussef, considerada leniente no aspecto fiscal. O caldo entornou quando Lula, em reunião com movimentos sociais, criticou o finado teto de gastos e a necessidade de priorizar o investimento social, no que foi interpretado por alguns como abandono da busca do equilíbrio fiscal. Ao mesmo tempo, houve um certo susto com a proposta da PEC da Transição, entregue ao Senado pelo vice-presidente eleito e coordenador da transição, Geraldo Alckmin. O texto, que prevê a retirada dos pagamentos do Bolsa Família do teto de gastos, foi acompanhado de outros itens, com valor estimado acima de R$ 170 bilhões, superior ao esperado. Também não continha previsão de data para o término. Em entrevistas na quinta-feira, Alckmin procurou acalmar mercados e economistas reafirmando o compromisso do novo governo com a responsabilidade fiscal, e destacando que se trata apenas de uma questão de urgência, pois os recursos do Bolsa-Família têm que estar disponíveis em 1º de janeiro de 2023. Na quinta-feira, Guido Mantega também solicitou afastamento da equipe, gesto que foi bem recebido pelos investidores.
ESG em alta
A semana foi de impulso à agenda ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e de Governança), com os desdobramentos da COP27, realizada no Egito. Lula praticamente elevou a sustentabilidade à posição de pilar da economia brasileira e da luta contra a desigualdade. O brasileiro associou os objetivos da segurança climática aos da luta contra a pobreza. No discurso, foram destacadas as oportunidades de investimentos em geração solar, eólica, biocombustíveis, hidrogênio verde, e no agronegócio sustentável, com desmatamento zero e expansão baseada na utilização de pastos degradados e adoção de agroflorestas. Nas áreas urbanas, Lula destacou a necessidade de melhorar a qualidade de vida e oferecer transportes com menor impacto ambiental, empresas menos poluentes, estímulo à reciclagem e ampliação do saneamento básico. “Este é um desafio que se impõe a nós brasileiros e aos demais países produtores de alimentos. Por isso estamos propondo uma Aliança Mundial pela Segurança Alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, com total responsabilidade climática”, propões Lula, cuja mensagem teve grande repercussão, positiva, na imprensa internacional.
Transição em São Paulo
Pela primeira vez em 25 anos o estado de São Paulo verá um governador do PSDB entregar o cargo a governante de outro partido. Os trabalhos da transição, do tucano Rodrigo Garcia para o Republicano Tarcísio de Freitas, começaram nesta quinta-feira (17/11), sob coordenação de Guilherme Afif Domingos, que foi chefe de campanha de Freitas. À semelhança do que ocorre no governo federal, foi destinado um prédio próprio para a equipe de transição, o edifício Cidade 1, no centro histórico de São Paulo. Tarcísio não divulgou nomes de secretários e reafirma que escolherá técnicos para as secretarias, driblando, até agora, a pressão de grupos bolsonaristas por espaço.
Reação aos atos antidemocráticos
A semana continuou ativa em movimentos antidemocráticos em portões de quartéis do Exército em várias capitais do país, com a condescendência dos comandantes das Forças Armadas e do ex-Comandante do Exército Eduardo Villas Boas, que soltou nova nota de preocupação com a falta de interesse da mídia em ouvir os manifestantes. Investigação da Política Federal apontou que 43 empresas e pessoas físicas apoiam a manifestação, com fornecimento de caminhões, alimentos, bebidas, e aluguel de infraestrutura, como barracas e banheiros químicos. As manifestações se estenderam a Nova Iorque, onde ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que foram à cidade participar de um seminário foram perseguidos e ofendidos por vários dias, em halls de hotéis e nas ruas. Mas, de volta ao país, o ministro Alexandre de Moraes determinou à Polícia Federal que, em dez dias, ouvisse todos os apoiadores dos atos. Também determinou o congelamento das contas bancárias das 43 pessoas físicas e jurídicas.