
Esta semana os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva estiveram em Davos, Suíça, para representar o país no Fórum Econômico Mundial. A “dobradinha verde” segue o movimento de transversalidade nas discussões sobre economia sustentável e posiciona as temáticas no centro de prioridades do novo governo.
Com o olhar voltado ao Brasil após a repercussão global dos ataques à democracia brasileira, os ministros participaram de debates sobre a economia regional da América Latina e questões climáticas envolvendo a preservação da Amazônia, indicando a retomada de frentes de diálogo que haviam sido arrefecidas nos últimos anos.
As lideranças brasileiras aproveitaram a deixa para reiterar ao mundo o conjunto de medidas apresentadas para recuperação fiscal. Além disso, a escolha da dupla sintetiza que no horizonte está a sustentabilidade das contas públicas, mas também indica que demandas ambientais e economia estarão lado-a-lado na tomada de decisões.
Durante o painel “Brasil: Um Novo Roteiro”, o ministro Haddad afirmou que o mercado já compreendeu o atual governo, seus pilares de justiça social e seu plano de desenvolvimento de médio e longo prazos. Na mesma linha, a ministra Marina Silva ressaltou à comunidade internacional que o Brasil priorizará discussões sobre a Amazônia e a atração de investimentos para preservação ambiental no país.
Hoje (20), encerra-se o encontro entre as principais lideranças que debateram os desafios da economia mundial contemporânea. Pautados em discutir a “cooperação em um mundo fragmentado”, a presença em Davos representa a importância de dialogar sobre riscos e oportunidades diante do cenário global.
Primeiros dias do governo interino do DF

Após o afastamento de Ibaneis Rocha (MDB) por 90 dias do cargo de governador do Distrito Federal, Celina Leão (PP) assumiu interinamente o Poder Executivo da capital em meio a turbulências decorrentes dos ataques golpistas do dia 8 de janeiro. Durante os primeiros dias de sua gestão, Celina participou de diversos encontros com autoridades e veículos de imprensa, a fim de minimizar a crise de reputação que vive o governo.
Desde seu primeiro posicionamento nesta função, a governadora interina defende que Ibaneis não agiu de má-fé na condução da segurança durante a realização dos atos antidemocráticos em Brasília, pois, segundo ela, o governador teria recebido informações equivocadas ao longo daquele dia.
Uma de suas primeiras ações foi instalar um gabinete de crise para apoiar as investigações sobre os atos. Celina também participou do encontro dos governadores com o presidente Lula (PT), reuniu-se com deputados distritais e conversou o ministro da Justiça Flávio Dino.
Em entrevista ao jornal O Globo, Celina disse que estranhou a viagem do ex-secretário de justiça do Distrito Federal, Anderson Torres, na mesma semana em que os atos golpistas ocorreram. Além disso, criticou o Exército por não deixar a Polícia Militar desfazer o acampamento em frente ao Quartel General.
Afirmou que “o governo do Distrito Federal tentou retirar o acampamento, mas foi impedido pelo Exército. Quando você coloca a Polícia Militar para tirar os manifestantes e o Exército não deixa, há um erro de comando entre as forças. O inquérito vai descobrir”.
Ela também direcionou críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o qual, em sua opinião, deveria ter feito uma “fala firme” aos seus apoiadores.
Sobre a intervenção federal na segurança pública do DF, a governadora interina declarou que o prazo não deverá ser prorrogado após o dia 31 de janeiro e que acatará a escolha, feita pelo governo federal, do novo secretário de Segurança Pública da capital da República e dos comandos policiais.
Durante o lançamento de uma obra, na terça-feira (17), ela disse: “nosso apelo é para que [o governo federal] já nos devolva o comando com os nomes que nós iremos manter. Ou seja, vencido o decreto [de intervenção], não haverá, por minha parte, qualquer mudança na Secretaria de Segurança ou no comando da Polícia Militar”.
Ainda nesta semana, em entrevista ao Correio Braziliense, Celina, que já havia afirmado anteriormente seu apoio à CPI dos atos antidemocráticos, instalada na Câmara Legislativa do DF, reiterou que a investigação e os debates não deverão ter um caráter meramente político, podendo alcançar respostas concretas.
O plano de governo elaborado pela equipe de Ibaneis será seguido até seu retorno, em uma tentativa dela de demonstrar a solidez das instituições, de mostrar serviço aos cidadãos e de expor sua fidelidade como vice-governadora.
Permaneceu calado

Na terça-feira (18), a Polícia Federal esperava ouvir o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. Ele foi preso no último sábado (14) ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília e levado para o 4º Batalhão de Polícia Militar do DF. Torres é suspeito de omissão durante os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, na capital federal. Segundo seus advogados, o ex-ministro só irá falar em um próximo depoimento, agendado para segunda-feira (23), caso tenham acesso aos autos da investigação até a data de hoje.
Caso fale, pessoas próximas a Torres dizem que ele estará preparado para relatar o conteúdo de seu celular e as razões pelas quais o aparelho não retornou consigo dos Estados Unidos, quando se entregou à justiça. Durante busca e apreensão na casa do ex-ministro, foi encontrada minuta de decreto para instaurar Estado de Defesa e reverter o resultado das eleições presidenciais. O direito de permanecer calado é previsto na Constituição, mas os indícios apontam negligência e omissão criminosa de Anderson Torres.
Lula se reúne com líderes sindicais para discutir questões trabalhistas

Em reunião com o presidente da república na última quarta-feira (18), líderes de centrais sindicais apresentaram demandas do setor. Em discursos de reivindicações trazidas pelas centrais, foram abordados temas como salário mínimo, reajuste do Imposto de Renda, reforma da estrutura de sindicatos e até mesmo “revogaço” da reforma trabalhista.
Miguel Torres, presidente da Força Sindical, afirmou que os trabalhadores não querem a volta do chamado imposto sindical. Torres defendeu uma reforma da estrutura de sindicatos para combater a “pulverização” das entidades. Dentre outras reivindicações, o presidente da NCST, José Reginaldo Inácio, pediu a correção da tabela do Imposto de Renda e de uma “reforma tributária solidária”. Segundo ele, essa reforma deve atingir especialmente as grandes fortunas, focando na desoneração “dos mais humildes” e das microempresas.
Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores – CUT, enalteceu a importância da retomada do Ministério do Trabalho, que foi entregue a Luiz Marinho. Em discurso, Nobre pediu para que o Trabalho tenha centralidade na estratégia de desenvolvimento do país. Lula desceu a rampa com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e Marinho, e foi recebido ao som de “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula” e “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”.
Representatividade feminina nas forças policiais

Na quarta-feira (18), o governo federal publicou as nomeações e exonerações relativas a 18 superintendências estaduais da Polícia Federal. Os indicados representam lideranças inéditas em vários dos estados, pois 9 dos escolhidos são mulheres, a exemplo de Larissa Magalhães Nascimento e Christiane Correa Machado, primeiras a responder pela força de segurança nos estados de Rondônia e Paraíba, respectivamente. Anteriormente, apenas 2 mulheres chefiavam as 18 superintendências modificadas.
A nova composição escolhida para corporação reflete uma das diretrizes trazidas por Lula em seu novo governo, a presença e liderança de mulheres em diversas pastas. As demais delegadas nomeadas são: Luciana Paiva Barbosa (Alagoas), Marcela Vicente (Goiás), Ligia Lucindo (Mato Grosso), Tatiana Torres (Minas Gerais), Larissa Perdigão (Rio Grande do Norte), Aletea Kunde (Santa Catarina) e Aline Pinto (Sergipe).
O restante dos postos, metade dos disponíveis, será ocupado por homens. Também foram exonerados 26 Superintendentes Polícia Rodoviária Federal (PRF), apenas o Superintendente do Piauí manteve-se no cargo. Os nomes dos substitutos ainda não foram publicados no Diário Oficial da União. Sobre as nomeações, Flávio Dino, ministro da Justiça, ressaltou que refletem a composição do Brasil e demonstram a competência das policiais brasileiras.