
Em Minas Gerais e na Bahia, segundo e quarto maiores colégios eleitorais do Brasil, o apoio de Lula tem sido capaz de melhorar a performance dos candidatos a governador nas pesquisas de intenção de voto. No caso mineiro, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) chega a superar o governador Romeu Zema (NOVO) quando é dito que tem o apoio do petista. A situação se repete na maioria dos estados. Uma das poucas exceções é o Rio de Janeiro, que reúne o terceiro maior contingente de eleitores.
O candidato do ex-presidente ao governo fluminense, Marcelo Freixo (PSB), não só não cresce como pode estar servindo de âncora para a candidatura do petista. Para entender o que acontece no Rio, berço político do presidente Jair Bolsonaro (PL), o PT encomendou uma pesquisa qualitativa que deve ser concluída ainda este mês. O PSD, do prefeito carioca, Eduardo Paes, desconfia que uma das causas seja a defesa que Freixo sempre fez da descriminalização das drogas.
O tema que anima as mesas de bar da Zona Sul assusta principalmente as mulheres que vivem nos morros cariocas e na Baixada Fluminense, onde vive a maior parte do eleitorado. Pesquisa interna do PSD mostrou que muitas delas associam eventual descriminalização ao aumento do tráfico e, por tabela, o risco de seus filhos serem assassinados. Com esses números nas mãos, o PSD quer retomar as conversas com o PT fluminense para que Lula suba no palanque do seu candidato, o ex-presidente da OAB nacional, Felipe Santa Cruz.
O jurista está na lanterna das pesquisas, mas tem histórico de duro enfrentamento com Bolsonaro. No auge do enfretamento, a OAB se posicionou contra a quebra do sigilo do advogado de Adélio Brito, que esfaqueou o então candidato a presidente. Enfurecido, Bolsonaro disse que poderia contar a Santa Cruz como seu pai, Fernando Santa Cruz, desapareceu durante a ditadura militar. A reação gerou uma onda de solidariedade ao então presidente da OAB, que perdeu o pai aos dois anos de idade.
O palanque de Bolsonaro no Rio será o do governador Claudio Castro (PL), candidato à reeleição e líder das pesquisas de intenção de voto.
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Três vias

MDB, PSDB e Cidadania decidiram rifar o ex-governador João Dória e lançar a candidatura da senadora Simone Tebet à Presidência da República. Mesmo isolado, Dória se diz disposto a seguir na disputa. Pelo estatuto tucano ele pode seguir candidato por ter vencido as prévias do partido. Como Ciro também deve seguir candidato, a chamada Terceira Via pode se transformar em Três Vias. O racha na centro-direita, consequência da polarização entre esquerda e a extrema direita, é melhor para Bolsonaro e Lula.
Com ou sem Dória candidato, o PSDB vai lutar para preservar seu ativo mais valioso – e o único que sobrou: o Palácio dos Bandeirantes. O partido governa São Paulo desde 1995. A situação do governador e neo-tucano Rodrigo Garcia nas pesquisas não é confortável, está em quarto lugar, mas é o que o partido tem de mais promissor.
Risco no Ceará

Protagonista da política cearense há três décadas, Ciro Gomes (PDT) tem enfrentado resistência inédita para apontar o candidato do seu grupo político ao governo do Ceará. O presidenciável quer o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT). O petista Camilo Santana, que acaba de deixar o governo com alta aprovação e lidera com folga a disputa pela única vaga de senador, prefere a sucessora, Izolda Cela, também do PDT. O PT cearense já avisou que segue com o PDT se a candidata for Izolda. Do contrário, pode lançar nome próprio.
Embora Ciro e seus irmãos (o senador Cid, o prefeito de Sobral, Ivo, e os secretários de Estado Lúcio e Lia) tenham sido responsáveis pela entrada de Izolda na política, nos anos 1990, e a tenham indicado vice na chapa de Camilo, temem que o PT possa se apossar do governo cearense numa eventual reeleição da governadora. O marido de Isolda, Clodoveu Arruda, prefeito de Sobral com apoio dos Gomes, é petista. Camilo, padrinho da governadora, deve ter papel de destaque num eventual governo Lula, que está cada vez mais distante de Ciro.
De longe, fazendo o que pode para jogar lenha na fogueira governista, o líder das pesquisas Capitão Wagner (PL), bolsonarista de primeira hora.
Em defesa das urnas

A defesa diária e veemente da inviolabilidade das urnas eletrônicas por parte de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) está longe do fim. Na próxima semana, técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vão trabalhar na versão final da publicação com a documentação produzida e as conclusões da Comissão Avaliadora dos Testes Públicos de Segurança 2021 (TPS) no sistema eletrônico de votação. O conteúdo, que pelo calendário eleitoral tem de ser publicado (física e eletronicamente) até o próximo dia 30, deve gerar nova rodada de críticas e ilações relativas à segurança das urnas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores.