Especialistas analisaram o cenário Pós-Sete de Setembro durante master class promovida pela Oficina Consultoria de Reputação e Gestão de Relacionamento e Congresso em Foco. Foram mais de 60 minutos de muita análise política, comunicação, e debate sobre estratégia de guerra usada pelo presidente da República.
Era fim de tarde quando se espalhou como rastilho de pólvora a “Declaração à Nação”, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, com o copywrinting do ex-presidente Michel Temer (como se soube pela imprensa pouco tempo depois). A novidade agregou mais ingredientes à análise do Pós-7 de Setembro durante a Master Class inédita promovida ontem pela Oficina Consultoria de Reputação e Congresso em Foco. Foi ontem, dia 10/9, das 18h às 19h.
Mudam a todo instante as respostas à obrigatória pergunta “E agora?” para quem busca entender esse Brasil dos dias atuais e os desdobramentos políticos da crise fomentada pelo “calor do momento” – nas palavras do presidente.
Os especialistas escalados para o debate no Master Class — entre eles, jornalistas e cientistas políticos — trouxeram informações e insights para ajudar o público a traduzir o vaivém da crise, acentuada nesses dias por altas temperaturas e secura insuportáveis no Planalto.
A crise deu combustível à pavimentação da terceira via, mesmo ainda uma incógnita no cenário nacional sobre quem seria o nome forte contra as candidaturas polarizadas Bolsonaro-Lula, indicados por pesquisas como os prováveis candidatos no segundo turno, mas também com alta rejeição.
A lista atual de candidatos a terceira via, segundo o jornalista Sylvio Costa, fundador do Congresso em Foco, incluem o ex-ministro Henrique Mandeta (DEM) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. É para ser levado a sério. Muita gente articulando de verdade”, afirmou o jornalista. No PSDB, afirmou, a disputa entre João Doria e Eduardo Leite ainda segue indefinida. Porém, conforme o site apurou, se a prévia fosse hoje, Leite ganharia.
Mesmo com espaço para alternativa a Bolsonaro e Lula, Costa observa: “A força de Bolsonaro não pode ser subestimada”. Ou seja: segue no jogo “candidatíssimo em 2022, dentro das quatro linhas da Constituição, mas também sabendo jogar fora dessas quatro linhas”.
O jornalista Rudolfo Lago, diretor do Congresso em Foco Análise, identificou na “técnica de guerra de Bolsonaro” a replicação da chamada “estratégia militar dissonante”, com táticas para confundir o adversário e, a depender da reação, avançar ou recuar em um território. Desta vez, prevaleceu o recuo, diante da união das autoridades dos outros poderes, mídia negativa e, principalmente, o recado forte da bolsa e da economia.
As ameaças de rompimento democrático que pairavam na Praça dos Três Poderes não se concretizaram, motivo de celebração na avalição de André Rehbein Sathler, coordenador da unidade de pesquisas do Congresso em Foco. “O fato de a democracia não ter ruído no 7 de Setembro já é de celebrar. Celebramos a vitória do invisível: as instituições existem”, ressalvando que não era uma defesa de que estão funcionando perfeitamente, mas o suficiente para conter uma ruptura.
O que se viu foi um público altamente mobilizado, que une expressões nas redes sociais como Rodrigo Constantino a personagens até então não famosos, como o caminhoneiro José Trovão.
A sócia-diretora das Oficina, Patrícia Marins, que mediou o debate no Master Class, trouxe para a arena questionamento sobre o que aconteceu no “mundo da comunicação”, as mensagens e os receptores alcançados na Semana da Pátria, além da “bela foto” para reforçar o imagético do mito que veio para redimir o país da corrupção e do comunismo. Para ela, “não é o vermelho que pode neutralizar o verde e amarelo” e a oposição comete um erro central ao adotar essa cor.
Já a diretora de Public Affair, Fernanda Lambach, destacou a importância de entender o que há por trás dos silêncios que foram feitos nos últimos dias. Ela citou o do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), de terça para quarta: “quantas mensagens esse silêncio traz?”. Para ela, há que se entender os textos proferidos pelas várias forças em suas linhas e entrelinhas.
Para Rudolfo Lago, a comunicação do presidente foi falha ao não ter comunicado claramente suas pretensões: “Queria dar o golpe? Ou demonstrar força política? Ao não deixar isso claro, quem avançou com ele, também não está entendo bem”.
Mais algumas perguntas para reflexão:
- quanto tempo vai durar a trégua?,
- o ritmo das votações no Congresso será mais lento a partir de agora?
- as manifestações anti-Bolsonaro no dia 12, convocadas pelos movimentos Vem para Rua e MBL terão ou não parceria de partidos de esquerda e volume comparável ao pró-governo?
- O Centrão será mais exigente na aprovação de pautas do governo a partir de agora?
- E a terceira via?
- o movimento por impeachment crescerá?
Questões que estão no radar da Oficina e do Congresso em Foco, especialistas em análises dos Três Poderes. Você pode enviar a sua opinião: publicaffairs@oficina.ci