Mudou o cenário. Depois de 60 dias fazendo coletivas para apresentar os boletins epidemiológicos e responder perguntas da imprensa sobre medidas contra o coronavírus, os dirigentes do Ministério da Saúde passam, a partir de agora, a responder as perguntas dentro do Palácio do Planalto. Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto (na foto do Poder 360, ao lado de Mandetta), a mudança não teve motivos políticos. “Como o tema é transversal, estamos ampliando a informação que o cidadão estava recebendo.”
A coletiva começou com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, tratando da parceria com a Saúde para que insumos como máscaras, vacinas, testes e medicamentos sejam adequadamente distribuídos pelo Brasil. Afirmou que o governo conseguiu manter uma malha aérea mínima funcionando, com 46 localidades sendo atendidas. Também enfatizou que os portos permanecem ativos.
Já o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, anunciou que 1,220 bilhão de novas famílias passarão a receber bolsa-família. Estiveram presentes à coletiva também o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, tenente-brigadeiro do ar Raul Botelho, e o advogado-geral da União, André Luiz de Almeida Mendonça.
Mandetta segue em frente
Durante a entrevista, Mandetta foi colocado em xeque várias vezes pelos jornalistas que esperavam que dissesse claramente que tem um embate com o presidente da República, Jair Bolsonaro, quanto ao isolamento social. O ministro seguiu seguro e usou o termo “unicidade” para insistir que todos do governo querem fazer o melhor para a população. “Há tensões no processo que são normais pelo tamanho da crise.”
Sempre que possível, Mandetta destacou que a pasta seguirá a técnica, a ciência e o planejamento. Usou todo espaço de tempo que teve no Palácio do Planalto para mostrar que continua forte no comando de seu time.
“Não vamos perder o foco. Estamos falando de um vírus novo. É muito grande. Ataca a economia, a sociedade, as políticas sociais, as bolsas de valor, tudo. A Saúde é um norte, um farol. É nosso instinto. É como diz Gibran Khalil Gibran: a ânsia da vida por si mesma.”
Agenda do dia: aprovado auxílio emergencial a autônomos, apelidado de coronavoucher

Em dia atípico para deliberação, senadores reuniram-se virtualmente nesta segunda (30/3) para aprovar o projeto que estabelece o pagamento de um auxílio emergencial no valor de R$ 600, por três meses, a pessoas de baixa renda, apelidado de coronavoucher.
A proposta foi aprovada, por unanimidade, da forma que chegou da Câmara dos Deputados. Pela medida, mulheres provedoras de famílias monoparentais, ou seja, mães solteiras poderão acumular duas cotas do auxílio, totalizando R$ 1,2mil. Além disso, duas pessoas poderão acumular o auxílio emergencial e o Bolsa Família.
Para evitar que a matéria ainda retornasse à Câmara, o relator, senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE), fez apenas ajustes de redação ao texto. Entre eles, permitiu que trabalhadores intermitentes com contratos inativos tenham acesso ao auxílio.
Merenda para as famílias
Mais cedo, os senadores haviam aprovado, em votação simbólica, o projeto que autoriza a distribuição de merenda escolar para as famílias de alunos de escola pública que tiveram as aulas suspensas por conta da pandemia de Covid-19. A matéria também segue para sanção presidencial.
O chefe da pasta mais afetada pela medida, o ministro da Economia, Paulo Guedes, argumenta que antes que sejam liberados os recursos emergenciais para conter os impactos da Covid-19, é necessário o cadastramento de todos os trabalhadores informais. “Nós sabemos que 80% dos informais não estão nos nossos cadastros”, afirmou Guedes durante reunião virtual com representantes da Frente Nacional de Prefeitos no último domingo (29).
Parlamentares sugerem o adiamento das eleições municipais

Pleito antigo daqueles que defendem a reforma política ganha força dentro do parlamento, embalado pela pandemia de coronavírus. Na última semana, o ministro da Saúde e deputado, Luiz Henrique Mandetta, sugeriu o adiamento das eleições municipais de 2020 para 2022.
A unificação das disputas eleitorais é defendida por senadores como Major Olimpio (PSL/SP). Segundo ele, a economia esperada seria de até R$ 1,5 bilhão, além dos recursos do fundo eleitoral, que não seriam utilizados, podendo ser redirecionados para o combate ao coronavírus.
Já o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), diz ser contrário ao movimento por acreditar que possa abrir um precedente caso um presidente da República queira prorrogar o mandato. Afirma ainda que não é o momento para pensar em adiamento das eleições.
Líderes partidários do chamado Centrão já estão articulando por videoconferência o possível adiamento, mas o assunto ainda perpassa entraves burocráticos como a exigência de apoio de pelo menos um terço dos membros de cada Casa (27 senadores e 171 deputados). Além disso, a mudança precisará ser aprovada por no mínimo 49 senadores e 308 deputados em um segundo turno.
Citação do Ministro
“Vossos filhos não são vossos filhos.
Gibran Khalil Gibran, citado pelo ministro Luiz Henrique Mandetta na coletiva de imprensa de hoje
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E, embora vivam convosco, não vos pertencem.”
Coronavírus em números
