Um dos primeiros desdobramentos do Sete de Setembro veio do PSL, legenda pela qual Bolsonaro se elegeu em 2018. O partido ensaia fundir-se ao DEM. Não para ficar mais próximo do presidente, mas para caminhar para a oposição. Na primeira nota conjunta dos dois partidos, divulgada na noite de terça (7), o tom é de dura crítica às manifestações antidemocráticas de Bolsonaro. Basta verificar o trecho abaixo:
“Repudiamos com veemência o discurso do senhor presidente da República ao insurgir-se contra as instituições de nosso país. Hoje se torna imperativo darmos um basta nas tensões políticas, nos ódios, conflitos e desentendimentos que colocam em xeque a Democracia brasileira e nos impedem de darmos respostas efetivas aos milhões de pais e mães de família angustiados com a inflação dos alimentos, da energia, do gás de cozinha, com o desemprego e a inconstância da renda”.
O PSDB convocou reunião para discutir o impeachment. E o PSD e o Solidariedade também ensaiam adesão à tese. Do lado dos tucanos, o governador paulista João Doria defendeu pela primeira vez o impedimento de Bolsonaro. O vice-governador maranhense Carlos Brandão, que assumirá o governo estadual ano que vem porque o titular (Flávio Dino, do PSB) se desincompatibilizará para disputar o Senado, usou o Twitter para fazer o mesmo.
“Bolsonaro perdeu o centro”, diz uma liderança da bancada evangélica. “Quem já estava mais pra lá do que pra cá, como o PSD do Kassab, agora que vai ser oposição de uma vez por todas. E quem estava no meio do caminho, como o PSDB, o MDB e o DEM, agora deve partir com tudo contra o governo. O Bolsonaro perdeu uma grande chance de fazer uma manifestação para o projetar como líder. Mas ele é belicoso demais. Essa briga dele contra o Supremo não faz sentido. Radicalizar para quê? Sei que 80 a 90% da bancada evangélica vai continuar com ele e eu mesmo só posso falar essas coisas em off porque o meu eleitorado é Bolsonaro. Mas a situação é muito complicada para todos nós. Não quero guerra civil. O país com tantos problemas e o Bolsonaro, em vez de apagar incêndio, joga gasolina na fogueira”.
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