2022 começa sob o signo da incerteza com a variante ômicron e com as explosivas previsões de Scott Galloway, guru do Vale do Silício, escritor e professor de marketing na New York University (NYU). As apostas de Galloway para tecnologia e negócios causam estrondo no ambiente midiático global.
Junto com o famoso Tech Trend Report da futurista Amy Webb, do The Future Today Institute, lançado sempre em março, são os dois prognósticos mais esperados no mercado.
Galloway não deixa por menos e lançou em Live dia 4 de janeiro o lance mais ousado, seu Royal Straight Flush (sequência do mesmo naipe no pôquer) Metaverso de Mark Zuckerberg vai fracassar. As fichas de Scott Galloway estão postas na Apple, ao prever que a big tech de US$ 1 trilhão é que vai levar a melhor na corrida pelo Santo Graal do metaverso.
Mas é preciso prestar atenção no que diz Galloway para chegar a um contexto mais acurado em suas previsões. Com seu estilo próprio de fazer análises, ele não prevê o fim do metaverso. Ao contrário, lembra que já existem vários metaversos e aposta na Apple.
Lembra que o “Appleverse” estáno topo de um dos modelos de negócios mais lucrativos da história, sua loja de aplicativos. Só o portal de Airpods envia 40 vezes mais pedidos do que o portal Meta (o Oculus). O negócio Airpods gera receita de US$ 12 bilhões ao ano, mais do que Shopify, Snap e Twitter juntos.
As ações de games vão subir muito em 2022, prevê o guru, porque serão o próximo campo de batalha para “metaversers” do mundo, especialmente da América. Assim, é mais do que provável que o Facebook, a Apple, a Amazon e outras big tech adquiram games para compor o frame das experiências virtuais e imersivas do metaverso. Ninguém se surpreenda se as ações comecem a subir desde já, especialmente as do game Roblox.
Interessante é a previsão de Galloway na explosão da energia nuclear. Ele afirma que se trata da energia mais segura do mundo, limpa, mas com problemas de reputação, devido a um único desastre (Chernobyl), que foi dramatizado numa minissérie no streaming. É uma marca que foi injusta e problemática, diz o professor, culpando Hollywood como destruidor de reputações. Energia nuclear não produz CO2, arremata.
Outra aposta é que o conceito de super app vai ganhar escala além da China neste ano. Na corrida para operações desse porte dois ativos em particular estarão no alvo das aquisições: Twitter e Pinterest, considerados bem atrativos. Galloway enxerga “boas chances” de uma nova proposta da Salesforce para comprar o Twitter, e lembra que as duas companhias compartilham o mesmo executivo, Bret Taylor.
Importante também dizer que o guru de negócios prevê que 2022 seja o fim da especulação. “Se 2021 foi o ano da bolha, 2022 vai ser o ano do pop”, com seca e desidratação do hype. Ele aposta que as ações da GameStop e da AMC estarão abaixo de US$ 10 por ação, e que as da Tesla, Rivian e Lucid serão cortadas pela metade.
A bola de cristal de Galloway não se entusiasma com a bilionária corrida pelo turismo espacial, e revela que a Virgin Galactic pode ficar pelo caminho. “É desanimador, acho isso niilista e simplesmente deprimente”, confessa sobre a corrida espacial privada de bilionários.
Ao final de tantas previsões sobre ações, big techs e corridas intergalácticas há um desfecho comovente, terno, sua despedida do primo Andy Levene, morto aos 52 anos há poucos dias por complicações da Covid. Ele optou por não se vacinar.
Na última newsletter de 2021, o professor envia uma mensagem para sua audiência de milhares de leitores e seguidores: “Vou ficar em casa esta noite. Não pegar Covid antes de 2022 é meu novo Squid Game … vou ficar em casa e curtir meus animais (filhos) e feras (cães). Desejo a cada um de vocês um 2022 cheio de saúde, prosperidade e tempo com os entes queridos. A vida é tão rica, Scott”.