Antes das manifestações, o Centrão trabalhava com três cenários.
Se as manifestações fossem bem menores do que esperava Bolsonaro, tal situação poderia precipitar um desembarque do grupo. Extremamente pragmáticos, os políticos do Centrão tratariam de, desde já, procurar novas soluções eleitorais para 2022.
Se as manifestações fossem muito grandes, Bolsonaro se veria fortalecido, inclusive para uma aventura golpista, tais como a alteração de regras constitucionais para propiciar maior controle sobre o Supremo. E o Centrão teria que optar entre embarcar nessa aventura ou engrossar as fileiras de quem reage contra ela.
Se as manifestações não fossem nem muito pequenas nem muito grandes, o Centrão se veria no cenário ideal. Ficaria claro que Bolsonaro tem ainda força eleitoral, mas não para um golpe. Nesse cenário, ele precisaria de sustentação política, e essa sustentação política quem lhe dá é o Centrão, com as benesses que recebe de volta em cargos e emendas do orçamento.
Em Brasília, o ato parece ter ficado no tamanho da encomenda do Centrão. Mas, maior em São Paulo, inflamou o presidente. E, especialmente o que lá ele disse, chamando o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de “canalha”, ameaçando não cumprir ordens judiciais, dizendo que “só sairá morto” do Palácio do Planalto e afirmando que a Suprema Corte precisa ser enquadrada, começa a ser interpretada por alguns como a sua travessia do Rubicão.
Congresso em Foco