Com gestos midiáticos, Renan ganha espaço ainda maior do que a relatoria da CPI já proporcionaria. (Agência Senado)
Um dos expoentes do que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou pejorativamente de “velha política” na disputa eleitoral de 2018, o que lhe custou uma derrota na disputa pela presidência do Senado dois anos atrás, Renan Calheiros (MDB-AL) voltou a ocupar um dos lugares de destaque da Casa Legislativa: a relatoria da CPI da Pandemia.
O posto naturalmente posicionaria Renan sob os holofotes. Mas o senador tem conseguido ir além ao pautar o comportamento dos colegas na Comissão. Logo nas primeiras sessões, substituiu seu nome no prisma de identificação pelo número de mortos pela Covid. A iniciativa logo foi seguida por quem faz oposição ao governo federal. Os aliados trataram de trazer o número de brasileiros curados.
Há 15 dias, quando foram ouvidos médicos e cientistas que defendem o chamado tratamento precoce, Renan liderou o movimento de abandono da sala da Comissão, esvaziando a sessão que interessava aos governistas. Na semana passada, quando o País ultrapassou a marca de meio milhão de mortos pela Covid, manteve a contagem no prisma, mas agora com o número branco inscrito sobre fundo preto, em sinal de luto e respeito pelos mortos, suas famílias e amigos.
Visibilidade
Essas ações de marketing têm-lhe devolvido o protagonismo perdido nos dois anos em que o Congresso Nacional foi presidido pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). No Senado desde 1995 e com mandato até 2027, Renan foi do céu ao inferno em vários momentos. Presidiu a Casa quatro vezes.
Na segunda, renunciou depois de ter sido acusado de pagar pensão a uma filha que teve fora do casamento com dinheiro da empreiteira Mendes Junior. Na ocasião, quase foi alvo de uma CPI depois de entregar sua declaração de Imposto de Renda ao Ministério Público e pedir para ser investigado.
O relator conhece como poucos os riscos e oportunidades de uma CPI. Até agora, tem sabido aproveitar todas que a da Pandemia lhe colocou no colo. Apanha dos bolsonaristas nas redes, mas ao acertar na comunicação e posicionamento, tem constrangido o governo toda noite no horário mais nobre do noticiário.