
Nos três discursos proferidos na posse, o presidente Lula seguiu à risca as regras de construção de mensagens-chave.
Nos treinamentos de comunicação e cursos de capacitação de porta-vozes, ensina-se que quando precisamos comunicar algo, a primeira coisa a pensar é: para qual público? Depois, é preciso estudar a audiência e o contexto, antes de preparar as mensagens.
Foi possível perceber a estratégia seguida por Lula. O discurso no Congresso seguiu um tom mais institucional, com abordagem política, com dados, críticas e recados com endereço certo. Depois, ao público que o aguardava desde manhã, a fala no Parlatório foi em um tom mais emocional, e o próprio presidente foi às lágrimas ao elencar exemplos de desigualdades sociais e de crianças que pedem esmolas na rua.
Ao falar de improviso no palco do Festival do Futuro, Lula começou dizendo que não ia fazer discurso, mas proferiu palavras endereçadas a uma plateia envolta na comoção do dia e das cenas inéditas da posse, e no meio de uma contagiante sucessão de artistas que participaram dos shows.
Bem ao estilo Lula, avisou que ia dar um beijo na Janja e ainda convidou Alckmin a fazer o mesmo com a dona Lu, em meio a gritos da audiência.
Segundo análises, os discursos feitos por Lula no domingo foram impecáveis. “Nada do que interessa foi esquecido”, escreveu Lauro Jardim, em O Globo, citando a questão ambiental e a sua meta obsessiva de acabar com a fome no país.
As palavras e o sentido de cada recados foram escrutinados pelos jornalistas de vários veículos. Dos ataques ao antecessor que se recusou a passar a faixa, aos acenos para os políticos, tudo foi examinado e desdobrado em exemplos.
“Discurso desagrada operadores do mercado”, destacou o Valor. “Lula disse que a democracia venceu as eleições e afirmou não querer revanche”, lembrou o Estadão. A Folha optou por ressaltar a parte em que, “sem dar detalhes, Lula ressuscita o PAC, marca associada à Dilma”.