Webinar Arena de Ideias debate como as organizações podem se planejar apesar das incertezas causadas pela pandemia
Em tempos isolamento social, traçar planos e metas a longo prazo tornou-se um desafio ainda maior para empresas de todos os portes e ramos de atividade. Afinal, vivemos um momento de incerteza e disrupção dos modelos de trabalho com os quais estamos acostumados. O webinar Arena de Ideias desta quinta-feira (29) discutiu como as organizações podem adotar a cultura do planejamento com propósito, a partir de crenças e valores das empresas e seus colaboradores. Para os especialistas que participaram do debate, os primeiros passos para um planejamento bem-sucedido são o pensamento estratégico, o diagnóstico e a coleta de dados.
“Antes do planejamento vem o pensamento. Quando estamos analisando o processo, basicamente dividimos o processo em três etapas: pensamento, planejamento e implementação. O meu ponto principal é que, pressionados por resultados, esquecemos o pensamento estratégico”, afirmou o presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), Rodrigo Navarro. “Mas esse pensamento pode e deve ser revisto. Foi o que aconteceu com a Covid-19”, acrescentou.
O sócio-diretor da Linea Consulting, Eduardo Hiroshi ressalta que o pensamento estratégico tem que estar presente na cultura organizacional da empresa e ser uma atividade permanente, não apenas colocado em prática durante determinado período. Isto é, não basta destinar um momento específico para fazer essa reflexão, deve-se implementar a ação na rotina das organizações.
“O pensamento estratégico é uma constante. As boas organizações conseguem mostrar que a estratégia não é uma caixinha aberta no fim do ano para fazer orçamento. A estratégia pressupõe transformação e uma cultura instalada. A capacidade da liderança em ressignificar rituais gera, no fim do dia, uma conexão da rotina à estratégia”.
Para a jornalista e sócia-diretora da In Press Oficina, Patrícia Marins, a pandemia obrigou as empresas a mudarem a rota de maneira abrupta, interrompendo o planejamento traçado antes do vírus. Segundo ela, aquelas que já valorizavam o planejamento conseguiram driblar com mais facilidade as adversidades proporcionadas pela maior crise sanitária do século.
“A pandemia revelou a questão da flexibilidade. As empresas que foram assertivas e conseguiram prosperar tiveram muita flexibilidade para se readaptar. Aquelas que se saíram melhor foram as que já tinham a cultura do planejamento estratégico”.
O papel da comunicação e da liderança no planejamento
A liderança é uma peça-chave para um planejamento bem-sucedido. Diante de um cenário de profundas mudanças no ambiente corporativo, Eduardo Hiroshi afirma que irá se sobressair o líder que conseguir ter uma comunicação empática, assertiva e humana, diferente do modelo tradicional de liderança.
“Fomos muito preparados para comando e controle. O que estamos encontrando no C-Level hoje é uma consciência de que esse modelo não funciona mais. É um outro tipo de liderança, mais empática. Vivemos uma época de muito medo, instabilidade, ansiedade. Se tiver um líder capaz de trabalhar o racional e o irracional, melhor e maior a probabilidade de ser bem-sucedida a estratégia”.
Para Patrícia, a comunicação também é essencial para que o planejamento atinja o objetivo e mantenha a liderança alinhada com o time. “Não existe mais a porta da rua e a porta de dentro. A sociedade é representada nas empresas em sua potência máxima e a comunicação é peça-chave no planejamento da organização. Não adianta jornadas incríveis, se não houver certeza de que a percepção da liderança e das equipes é a mesma”, disse.
Na mesma direção, Rodrigo Navarro aponta que os líderes têm que estar atentos às transformações de uma sociedade em constante movimento. “Nunca foram tão presentes e impactantes, em termos reputacionais, os intangíveis e as externalidades. Eles impactam diretamente o negócio, por isso o C-Level precisa estar preparado”.