Abordados há anos por movimentos e organizações sociais, os preconceitos e desigualdades entraram de vez na pauta das corporações em 2020. Com a pandemia e implementação do teletrabalho em larga escala, os líderes precisaram se atentar a aspectos sociais que, muitas vezes, ficavam na área de recursos humanos. A Arena de Ideias transmitida no canal da In Press Oficina no YouTube, debateu os principais desafios para a real inclusão e diversidade na empresas.
Live discutiu soluções para o aumento da diversidade nas empresas e para questões pessoais que vão além das atribuições da área de RH
“Os líderes tiveram que conviver com uma equipe onde os dilemas pessoais, que já vinham acontecendo e estavam mais na agenda dos recursos humanos, vieram para eles também. Hoje estão em uma fase que eu chamaria de reaprendizagem, buscando sair de uma liderança mais pragmática para uma liderança de propósito, do engajamento, do valor humano. É tempo de angústia e de aprendizado”, explica Diva Gonçalves, coach especializada na formação de líderes.
Para a idealizadora do Movimento Me Too Brasil, Marina Ganzarolli, um dos pontos que demonstrou a urgência das empresas em abordarem questões ligadas ao preconceito, discriminação e violência doméstica foi a junção de casa e trabalho, ampliada na pandemia. Ela destacou que o Brasil tem a trágica marca de 5º país com mais feminicídios no mundo: são 180 estupros por dia. Com mais pessoas em casa, os índices de violência doméstica aumentaram.
“A pandemia não é a responsável pela violência doméstica, é única e exclusivamente responsável por ter aumentado as condições em que a desigualdade e o preconceito se manifestam da forma mais material, física e concreta. Fica mais visível e latente a necessidade de abordar o tema dentro das instituições, não só sobre aspectos de gestão, as desigualdades que atravessam nossos funcionários, funcionárias, comunicação e direção”, diz.
Gestores são protagonistas para romper as barreiras dos preconceitos
Na visão de Patrícia Marins, sócia-diretora da In Press Oficina, “o comportamento gerado a partir do comportamento do líder é o que produz ação, efeito ou dano material”. Para a gestora, é essencial que os líderes reconheçam os preconceitos e os enfrentem, em uma constante busca por autoconhecimento.
“o comportamento gerado a partir do comportamento do líder é o que produz ação, efeito ou dano material”.
Patrícia Marins
Outro ponto de destaque no debate foi a necessidade de tirar as ações de enfrentamento aos preconceitos e desigualdades do papel. Afinal, para serem agentes de transformação da sociedade, é preciso ir além do discurso.
“Não adianta nada ter políticas apenas no papel e na prática não se materializar. A igualdade não ser colocada na prática. A situação das pessoas negras é muito diferente, para pior, em diferença aos não negros”, afirma Ana Cristina Rosa, chefe da Assessoria de Comunicação Social e de Cerimonial do Conselho da Justiça Federal (CJF) e colunista do jornal Folha de S. Paulo.