Fonte: Alan Santos/PR
A posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria, realizada hoje (17/6), contou com convidados que, à primeira vista, pareciam alheios ao tema ou a política. O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, além dos jogadores Felipe Melo, do Palmeiras, e Alexandre Pato, do São Paulo Futebol Clube, compareceram à solenidade. Landim e Felipe Melo estiveram em posições de destaque, sentados no palco montado para a cerimônia, enquanto Pato ficou na plateia.
Apesar de parecerem figuras estranhas ao cenário, os três transitam cada vez mais no meio político. Felipe Melo e Pato são apoiadores de Jair Bolsonaro, enquanto Landim, apesar de não declarar apoio formal, mantém relação próxima ao presidente da República. Os três estavam em Brasília para participar da assinatura da MP do Futebol, que suspenderia temporariamente o pagamentos do Profut e flexibilizaria normativos da gestão do esporte. No entanto, Bolsonaro acabou optando por não editar a medida provisória, aproveitando a tramitação do PL 1013/20 na Câmara dos Deputados.
Lobistas do futebol
Apesar de muitas vezes ouvirmos comentaristas e torcedores falarem que “futebol e política não se misturam”, a ligação entre os dois é quase indissociável. Não à toa, dirigentes do futebol frequentemente viram políticos e vice-versa. É o caso de Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte e ex-presidente do Atlético Mineiro, ou mesmo do ex-presidente Fernando Collor, presidente do CSA em Alagoas em 1982, ano em que foi eleito deputado federal.
Em tempos de coronavírus, os dirigentes tem se destacado pela atuação junto ao poder público tanto em estados, quanto em âmbito federal, para acelerar a retomada do futebol no país. Rodolfo Landim é um dos líderes desse movimento, fazendo valer o relacionamento que já vinha construindo com Bolsonaro desde o início dos mandatos de ambos, em 2019. Com isso, é figura carimbada no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional.
Cuidados com a imagem
Ao pensar nos ganhos institucionais que um time de futebol pode ter ao estabelecer um relacionamento com membros do poder público, é importante considerar possíveis efeitos sobre a imagem da instituição. Um clube de futebol não é uma organização comum, principalmente no Brasil. Mexe com as paixões de milhares, às vezes milhões, e, por consequência, com uma vasta pluralidade de pensamentos. Associar-se a determinada corrente política pode ter seu preço.
Em 2019, a diretoria do Flamengo vetou homenagem a Stuart Angel, ex-remador do clube e desaparecido político dos tempos de regime militar, afirmando que o clube “não se posiciona sobre assuntos políticos”. No entanto, seus torcedores viram aparições frequentes dos dirigentes ao lado de nomes como Bolsonaro, Wilson Witzel e deputados estaduais do PSL, como Alexandre Knoploch.
Há óbvios ganhos institucionais: o clube tem canal aberto com o presidente, lidera discussões em âmbito nacional e ganhou a concessão temporária do Maracanã. Ainda assim, a cada vez que se mostra alinhado a uma corrente política, um lado da torcida movimenta as redes sociais em repúdio, ganhando o coro de parte da imprensa. É impensável, portanto, pensar nas relações institucionais sem pensar antes na opinião pública.
Na disputa entre bolsonaristas e o Supremo Tribunal Federal, o alvo é Alexandre de Moraes

As recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) ampliaram o clima de conflito entre o tribunal e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. No início da semana, o STF autorizou a prisão de Sara Giromini, apoiadora do presidente conhecida como Sara Winter e líder do “grupo dos 300” que acampava na Esplanada. Além disso, ontem (16/6), o ministro Alexandre de Moraes autorizou a quebra do sigilo bancário de 11 deputados bolsonaristas, entre eles Carla Zambelli (PSL/SP), Daniel Silveira (PSL/RJ) e Bia Kicis (PSL/DF). A ação ainda mirou o blogueiro Allan Santos, apoiador do governo.
O presidente Jair Bolsonaro considerou o avanço sobre sua base de apoio uma perseguição a direitos e ideais, se comprometendo a tomar medidas legais. Além disso, declarou a uma apoiadora em frente ao Palácio da Alvorada que “está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar”.
Nas redes, os apoiadores do presidente focaram as críticas ao ministro Alexandre de Moraes. Moraes é relator do inquérito das fake news e de outras ações contrárias aos interesses do governo, como a de ocultação de dados sobre a Covid-19. Assim, levantaram a hasthag #PrisaoDoAlexandreDeMoraes, que chegou ao topo dos trending topics, mas acabou sendo derrubada pela utilização de robôs.
Qual o seu papel no combate ao racismo estrutural? Arena de Ideias debate o tema amanhã, 9h30

Arena de Ideias entrará no ar amanhã, 9h30, com convidadas especiais: a poeta e atriz Elisa Lucinda, a empresária, jornalista e ativista Luana Génot, a gerente de Conteúdo e Treinamentos da In Press Oficina, Natália Lima; e a sócia diretora da In Press Oficina, Patrícia Marins. Há uma diferença grande entre um racismo patológico, uma violência pontual cometida contra alguém porque é negro, cigano, judeu; e o racismo estrutural, aquele que está presente há séculos na economia, na política, na subjetividade. Esse mal tem se reproduzido como se fosse algo normal.
“O racismo estrutural é o que faz, por exemplo, que as mulheres negras sejam as que mais sofrem com a alta tributação. É o que faz com que a violência contra mulheres negras tenha crescido 54% entre 2003 e 2013 e, no mesmo período, a violência contra mulheres brancas tenha recuado 9,8%.” Os dados são citados pelo intelectual Silvio Almeida. Ele questiona: “O que explica isso se não uma situação estrutural?”.
Para Almeida, “o racismo estrutural não é algo anormal. É algo normal”. Normal não no sentido de ser aceito, mas por já constituir as relações no seu padrão de normalidade. “Christian Laval e Pierre Dardot dizem que o neoliberalismo é uma forma de racionalidade. Eu quero acrescentar: o racismo é uma forma de racionalidade. É uma forma de normalização, de compreensão das relações”, afirma Almeida.
Negros nas lideranças
Para combater o racismo estrutural nas organizações é necessário mais do que informação e debate. É necessário acabar com essa “estranha normalidade” enraizada no Brasil desde quando a escravatura foi abolida, mas os negros não receberam qualquer suporte. Há uma consciência de que é fundamental que as empresas contratem negros, de que os negros têm de estar nos times de líderes das organizações. É necessário agir para que essa meta se concretize no Brasil.
“Mais do que falar sobre igualdade racial de maneira geral, eu decidi focar no mundo do trabalho, que é onde pessoas como eu estão se formando. Elas chegam cheias de propósitos, mas estão sendo repelidas por uma cultura corporativa racista que não te permite ser quem você é nem nos seus cabelos nem nas suas ideias”, diz Luana Génot ao Ecoa (https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/causadores-luana-genot/#uma-historia-coletiva). Ela atuou no mundo da moda e percebeu, muitas vezes, que não podia fazer papeis como o de uma jovem rica por causa de estereótipos que refletem o racismo estrutural.
Numa entrevista ao portal Geledés, a poeta Elisa Lucinda afirmou que “existe um Brasil que é do apartheid”. E continuou: “Se tem território, tem apartheid. Eu sei onde ir e encontrar só brancos e ir em outros e encontrar só negros”. Um dos problemas do racismo estrutural, afirma, é a naturalização da ausência de negros em inúmeros espaços: uma pessoa branca, por exemplo, que entra em local e só vê outros brancos, e acha a situação natural. “É preciso escolher se você vai ser um abolicionista moderno ou um escravocrata.”
Para debater o tema e conhecer as ideias de nossas convidadas acesse https://youtu.be/CjtFw97Q0ZQ
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