Duas imagens marcaram a sexta-feira, 24 de abril. A primeira delas desenhou-se para as câmeras de televisão a partir das 11h da manhã. Traz o até então ministro da Justiça, Sérgio Moro, ex-juiz da Lava-Jato, sentado à mesa do auditório do Ministério da Justiça para anunciar os motivos do pedido de demissão.
Discreto como as paredes brancas da sala, pronuncia cautelosamente o discurso elaborado. Como toda fala de quem entende de investigação, ela veio estudada. Assim: sem mais nem menos.

A segunda imagem é a do presidente da República, Jair Bolsonaro, no fim da tarde. Ele discursa em frente ao backdrop (fundo de madeira construído para enquadrar anúncios e coletivas) azul do Palácio do Planalto. Lá atrás do fundo, permaneceu, o tempo todo, o filho vereador Carlos, conhecido como o número dois. Não se deixou fotografar nem filmar. Já os outros filhos apareceram na frente dos fotógrafos e cinegrafistas: Eduardo e Flávio.
Foram chamados para compor imagem mais de 20 “apoiadores” do presidente. Todos permaneceram em pé, quase estáticos. Somente três mulheres participaram do evento: as ministras Tereza Cristina, da Agricultura, Damares Alves, da Mulher; e a deputada federal Carla Zambelli (PSL/SP).
Segundo o fotógrafo Orlando Britto, autor de livros como Poder — Glória e Solidão , impressionavam os semblantes que eram clicados. Britto acompanhou todo o pronunciamento de perto. “Não houve um breve sorriso. A tensão venceu qualquer esboço de algo agradável”, afirmou agora à noite.
Os militares, como o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, mantiveram-se firmes mais à frente.
Na paisagem humana, destacou-se um ministro: Paulo Guedes, da Economia. Ele se protegia da Covid-19 com uma máscara e entrou em cena sem sapatos. E ponto.
Mandetta e Teich serão ouvidos na Comissão sobre Covid-19

Um mês após a aprovação do decreto de calamidade, entra em funcionamento a comissão mista que acompanhará a execução das medidas relacionadas à pandemia de Covid-19.
Segundo o Plano de Trabalho proposto pelo relator, deputado Francisco Jr. (PSD/GO), o ministro Paulo Guedes será o primeiro a ser ouvido pelo colegiado, composto de 6 deputados e 6 senadores, já na próxima quinta (30/4).
Já no dia 4 de maio, Walter Braga Netto, ministro da Casa Civil, deverá participar de reunião virtual para apresentar a estratégia do governo federal para o combate à pandemia da covid-19.
O plano de trabalho apresentado descreve pautas das reuniões até 20 de junho, com a realização de 24 sessões. Luiz Henrique Mandetta também foi convidado e será ouvido após o Nelson Teich, atual ministro da Saúde.
O ex-ministro, agora sem cargo em Brasília, se mantém no radar nacional, apoiado pela legenda que lhe abriga.
A frase

Eu? Bebo o horizonte…
Cecília Meireles, In Mar Absoluto.
Coronavírus no Brasil
