
O presidente Lula durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
A semana útil que se encerra nesta quinta-feira (6) foi curta, em decorrência do feriado da Semana Santa, e diluída no Congresso, mas o Executivo federal tratou de fornecer sozinho palavras e atos que agitaram o mercado e muitos setores empresariais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em café da manhã com jornalistas nesta quinta, aventou a possibilidade de aumentar a meta de inflação, se isso for suficiente para que o Banco Central reduza a taxa básica de juros. Dólar e juros foram impactados, com leve oscilação. Na véspera, foi o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, quem trouxe emoção ao mercado, ao anunciar plano de mudança na política de preços da Petrobrás, plano esse que a empresa desconhecia. “O tal PPI (Preço por Paridade de Importação) é um verdadeiro absurdo. Nós temos que ter o que eu tenho chamado de PCI, Preço de Competitividade Interno”, disse o ministro em uma entrevista ao programa Conexão GloboNews. As ações da empresa no Ibovespa chegaram a cair 4%, mas voltaram ao equilíbrio após esclarecimentos da Petrobrás de que continuaria praticando preços competitivos e em equilíbrio com o mercado nacional, mas evitando repassar volatilidade externa e taxas de câmbio causadas por eventos conjunturais. Também ontem o presidente Lula assinou decreto alterando o Marco do Saneamento Básico, dando sobrevida a empresas estaduais do setor, o que incomodou investidores. O feriado e a viagem de Lula na terça-feira (11) deverão amortecer os impactos dessas notícias, dando tempo para que os eventuais riscos sejam avaliados com tranquilidade, fora do calor dos pregões.
Rio de incertezas para Bolsonaro

Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro
Foto: Fernado Frazão / Agência Brasil
Não bastasse ao ex-presidente Jair Bolsonaro se ver às voltas com processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que podem torná-lo inelegível, e ter que se explicar à Polícia Federal sobre o escândalo das joias, como ocorreu nesta quarta-feira (5) em Brasília, ele começa a enfrentar turbulências em seu berço eleitoral, o Rio de Janeiro. Nas eleições de 2022, o PL, partido de Bolsonaro, elegeu apenas dois governadores: Jorginho Mello, em Santa Catarina e Cláudio Castro, no Rio de Janeiro. Mas Castro, aliado da família, começa seu segundo mandato dando sinais de independência que pode comprometer os planos do chefe do clã. Num dos episódios, Castro contrariou o desejo do partido e trabalhou pela eleição, vitoriosa, de Rodrigo Bacellar (PL/RJ) para presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Novos atritos entre Castro e o partido são esperados na movimentação para escolha dos candidatos a prefeituras do estado. Bolsonaro, agora com apoio do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, quer lançar candidatura de seu filho o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Mas na Capital o governador defende a reeleição do atual prefeito, Eduardo Paes (PSD) que pode montar chapa com o deputado federal e atual Secretário de Saúde do Estado, Dr. Luizinho (PP/RJ). Tal movimento interessaria Castro. Diante das divergências, há conjecturas de que Cláudio Castro poderia migrar para o PSD ou PP nos próximos meses, o que facilitaria sua aproximação do Governo Federal, mas sem deixar de ser da oposição.
Expectativa para os 100 dias

Campanha de vacinação, revigorada pelo atual governo
Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Na próxima segunda-feira (10), o presidente Lula deverá reunir o ministério para marcar os primeiros 100 dias de sua gestão. Além de avaliar as ações já tomadas até o momento, estão previstos anúncios de novas medidas, especialmente para destravar o crescimento econômico. No entanto, as medidas de relançamento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) não deverão ocorrer agora, mas no fim de abril. Há também um documento sendo preparado por Lula a ser enviado a Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal, com o objetivo de apresentar a agenda prioritária do Planalto ao Legislativo, em busca de apoio do Congresso.
Tebet e a Reforma Tributária

Ministra do Planejamento, Simone Tebet na Câmara dos Deputados
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
Na última terça-feira (4), a ministra do Planejamento, Simone Tebet, falou ao Grupo de Trabalho (GT) da Reforma Tributária, da Câmara dos Deputados, sobre os impactos que a Reforma poderá ter na economia brasileira e na sociedade. Ela considerou a reformulação do sistema tributário medida essencial para assegurar a igualdade contributiva e para a arrecadação do Estado, uma “bala de prata” do governo na área econômica. Ela afirmou que, no passado, votou a favor de vários benefícios fiscais que pareciam ter uma lógica positiva, mas que agora acredita que isso deve ser reduzido. Tebet também mencionou a possibilidade de o novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) ser dual, com uma parte federal e outra de estados e municípios. Ela explicou que estados e municípios atualmente têm menos motivos para resistir à reforma porque uma das propostas prevê uma transição de 20 anos para a distribuição dos recursos, garantindo pelo menos a mesma receita para os entes federativos nesse período. A ideia é mudar a arrecadação da origem dos produtos para o local de consumo. Também deve ser criado um fundo para correção de desequilíbrios regionais. Além disso, Tebet admitiu a possibilidade de alíquotas diferenciadas para alguns setores, caso não seja possível aprovar um percentual único.