
As manifestações de 11 de agosto marcaram a semana e deram o tom desta semana. A “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros – Estado Democrático de Direito Sempre”, elaborada pela Faculdade de Direito da USP, que começou com cerca de 3 mil assinaturas, já passou de 1 milhão de apoiadores. A segunda carta lida na faculdade do Largo do São Francisco foi elaborada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), com apoio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e mais dezenas de entidades empresariais e das centrais sindicais, numa rara integração entre capital e trabalho. Mais que os números, falou mais alto a composição de apoiadores, reunindo boa parte da elite econômica e financeira, as centrais sindicais, e profissionais das mais diversas origens, inclusive policiais. O movimento histórico foi interpretado por muitos analistas como um sinal forte e efetivo de que não haverá apoio suficiente para um golpe que ignore os resultados das urnas em outubro.
Em busca dos empresários
Os dois principais candidatos à presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), fizeram movimentos de aproximação com o empresariado nesta semana. Bolsonaro, após recusar convite para ir à Fiesp na quinta-feira, data das manifestações em defesa da Democracia, convidou-se para encontro com executivos de bancos. Lula visitou a Fiesp na terça-feira (9) e seu candidato a vice, Geraldo Alckmin, participou na quarta (10) de conversa com empresários do setor de varejo, organizada pelo IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo).
TSE de olho
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sinalizou nesta semana um rigor maior no controle do uso da máquina de comunicação oficial nesse período eleitoral. O presidente da corte, Edison Fachin, proibiu o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de fazer um pronunciamento oficial em rádio e televisão para divulgar uma campanha de vacinação. Fachin entendeu que o conteúdo proposto pela Saúde extrapolava o objetivo de uma peça de utilidade pública e avançava na campanha eleitoral, ao fazer balanço positivo de ações realizadas pelo governo federal. Outra ação dura de Fachin nesta semana atingiu o Ministério da Defesa e o Exército, em particular. O ministro excluiu do grupo de fiscalização das eleições formado pela Defesa um coronel do Exército que vinha usando mídias sociais para divulgar informações falsas contra as urnas eletrônicas. Esse tipo de manifestação é proibido pelo regulamento do Exército, mas a Força não havia adotado nenhuma ação contra seu membro. Após a exclusão, a Defesa solicitou autorização ao TSE para incluir outras 9 pessoas na equipe, praticamente dobrando o seu time. Fachin ainda não respondeu à solicitação.
Auxílio e combustíveis

Começou a ser pago na última terça-feira (9/8) o benefício do Auxílio Brasil com valor de R$ 600,00, em vez dos R$ 400,00 vigentes até então. Ao todo, o pagamento beneficiará cerca de 20 milhões de famílias, abrindo uma grande incógnita sobre qual será o impacto dessa liquidez sobre os eleitores. Oposicionistas torcem para que os eleitores entendam como uma manobra eleitoreira, e que durará só até dezembro, e esperam que haja impacto pequeno. Já os governistas contam que seja um ponto de virada para quebrar a superioridade de Lula nas pesquisas de intenção de voto. Outra ação do governo com impacto no bolso do eleitor foi a redução do preço do diesel, anunciado no dia 11 de agosto. Bolsonaro, inclusive, usou esse fato para ironizar as manifestações pela Democracia, ao dizer que o fato do dia era a redução dos preços do combustível.