O voto desejado

Ao mapear a movimentação das intenções de votos, a equipe de campanha de Lula (PT) aponta para um novo alvo: os eleitores de Ciro Gomes (PDT). Os 7%, em média, que estão disposto a votar no ex-governador do Ceará poderiam migrar o apoio ao petista caso a eleição chegue na reta final polarizada com Jair Bolsonaro (PL), o que parece ser a tendência. Ciro se consolida na terceira posição nas pesquisas, mas já há dentro do PDT defensores da desistência ou a liberação para apoio a palanques mais competitivos nos Estados. Ciente disso, o presidenciável do PDT disparou contra Lula, a quem acusa de “destruir as organizações partidárias”, e revelou uma aproximação com a Terceira Via. Até então, ele havia sido alijado das conversas depois de palavras duras como quando classificou o grupo como “viúvas de Bolsonaro”. Como ninguém quer ceder, o chamado Centro Democrático segue sem um nome de consenso, a menos de um mês para o anúncio oficial marcado para 18 de maio, e começa a fazer cálculos para saber o peso de Ciro no grupo formado por MDB, PSDB e União Brasil. A oferta do cargo de vice é uma opção. Ciro, porém, só fala em cabeça de chapa. Mesmo pensamento, aliás, de Simone Tebet (MDB) que admitiu: “se eu não pontuar a ponto de ser cabeça de chapa, não vou ajudar sendo vice”. João Doria também segue na mesma linha e, inclusive, retirou da coordenação de campanha o presidente do PSDB, Bruno Araújo, por se sentir traído. Um áudio vazado esta semana revelou Araújo afirmando que o pacto feito pela terceira via está acima das prévias do partido. Enquanto isso, Eduardo Leite (PSDB/RS) aguarda a poeira baixar, mas não desistiu do sonho presidencial.
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A última chance

O pedido de vista do julgamento no Tribunal de Contas da União (TCU) do processo de venda da Eletrobras pode implodir a promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro de promover grandes privatizações no governo. O trabalho agora é para abreviar o tempo de análise do ministro Vital do Rego Filho, de 60 dias para 7 dias. Na prática, se nada for feito, a privatização da estatal de energia poderá ser inviabilizada. Se eleito, Lula já afirmou que não pretende vender a Eletrobras.
Em 2018, Bolsonaro prometeu vender várias estatais. Listou Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Agência Brasil de Comunicação, mas depois recuou. Mantém estudos para privatizar, por exemplo, o Porto de Santos, os Correios, Casa da Moeda e o Serpro, mas sem avanços. Mais recentemente, pediu ao novo presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, para trabalhar pela privatização da empresa.
Na contabilidade oficial, contudo, parte da promessa foi cumprida com a concessão de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, parques e florestas, além do 5G. Foram arrecadados R$ 149 bilhões. Mas as dificuldades enfrentadas nos processos de privatização revelaram que tudo não passou de intenção e não há na lista nenhuma joia da coroa.
Fim da linha

O deputado estadual Arthur do Val (União Brasil/SP) decidiu renunciar ao mandato após perceber que seria cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Em março, “Mamãe Falei” como é conhecido, viajou a Ucrânia com a intenção de oferecer ajuda humanitária ao país em guerra contra a Rússia. Ao relatar a viagem a um grupo de amigos no WhatsApp, sobraram falas sexistas como a que classificou as ucranianas refugiadas “como fáceis por serem pobres”. Foram 21 processos apresentados no Conselho de Ética. O pedido de cassação foi aprovado por unanimidade. Arthur do Val – que havia desistido de concorrer ao governo de São Paulo após o episódio – tomou a decisão na tentativa de negociar e ainda tentar concorrer a um cargo nas eleições de outubro. Com a renúncia, o processo segue em análise do plenário que pode decidir pela perda dos direitos políticos do parlamentar por 8 anos. “Estou sendo vítima de um processo injusto e arbitrário dentro da Alesp”, escreveu na carta de renúncia.
O processo agora seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça antes de ser pautado no plenário. São necessários, no mínimo, 48 votos dos 94 deputados estaduais para decidir sobre a inelegibilidade.