
O resultado do Datafolha divulgado na noite de ontem (23/06) foi um alívio para os bolsonaristas. A expectativa era uma ampliação da distância entre o ex-presidente Lula (PT) e o atual, Jair Bolsonaro (PL), na corrida pelo Palácio do Planalto. Mas deu-se o contrário. Ainda que dentro da margem de erro, a distância entre os dois diminuiu desde a pesquisa anterior e, na espontânea, Bolsonaro cresceu três pontos.
Fica evidente que a estridência do presidente contra a Petrobras não segura os preços dos combustíveis, mas consegue manter a fidelidade do seu eleitorado. Resta saber qual será o impacto da prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro naquela fatia do eleitorado bolsonarista que sempre acreditou que o atual governo estava imune à corrupção.
A sua maneira, Bolsonaro tratou de minimizar as suspeitas na live semanal: “Você pode ver, não foi corrupção, da forma que estava acostumado a ver em governos anteriores, o cara fez uma obra superfaturada, comprou material e não recebeu, superfaturou. Nada disso. Foi de história de fazer tráfico de influência”. Os documentos apreendidos no Ministério da Educação devem ajudar a definir esses graus de corrupção.
Da parte do governo, agora é turbinar os auxílios à população mais pobre e aos caminhoneiros, às voltas com a alta generalizada de preços. Da parte da Oficina Consultoria, estamos prontos para ajudar sua empresa a ler cenários, relacionar-se com os poderes públicos e tomar decisões em meio às turbulências do período eleitoral, com respeito à ética à lei eleitoral.
Guedes, o convertido

Em 2020, início da pandemia, o governo federal propôs um auxílio de R$ 200,00 para os brasileiros que viram a renda desaparecer com as medidas de isolamento sanitário. O texto enviado ao Congresso foi aditivado pela oposição para R$ 600,00. O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez o possível para derrubar o valor adicional, mas foi derrotado.
Agora, a cem dias do primeiro turno das eleições, foi o próprio Guedes quem acenou com o aumento do Auxílio Brasil dos atuais R$ 400,00 para R$ 600,00. Mais: propôs um auxílio combustível para os caminhoneiros de R$ 1.000,00 na tentativa de conter a chiadeira da categoria diante da alta dos combustíveis.
Mesmo vendo um caráter eleitoreiro na proposta, a oposição não deve se colocar contra algum dinheiro no bolso do eleitor mais pobre. Seria um tiro no pé. Quem corre risco é Guedes de ver esses valores novamente turbinados pelo Congresso.
Melhor para Tebet

A eventual instalação da CPI da Educação pode garantir à senadora Simone Tebet (MDB-MS) um tempo de exposição na TV e nas redes sociais maior do que seus adversários na corrida ao Palácio do Planalto. Sem falar na chance de fazer oposição direta ao presidente Jair Bolsonaro, seu alvo primordial no primeiro turno. Caso repita o desempenho da CPI da Pandemia, terá feito um golaço.
Foi Tebet, com muito tato, quem arrancou do deputado Luiz Miranda (União-DF) o nome da autoridade que ele mencionara ao presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre as suspeitas de fraude no ministério da Saúde por ocasião das negociações das vacinas: o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). A CPI mudou de rumo e o Palácio do Planalto sangrou por semanas.
Silêncio da oposição
As diretrizes do plano de governo de Lula repercutiram menos do que o esperado pelo PT. A decisão de derrubar o teto de gastos já era conhecida. E eventuais críticas ao texto dariam sempre a chance ao partido de fazer ajustes, alegando que o que foi apresentado eram apenas propostas para uma discussão pública. No dia seguinte, Lula jantou com empresários em São Paulo – alguns que foram de Bolsonaro há quatro anos -, falou de alguns tópicos do plano e foi aplaudido ao final.