A imprensa internacional começa a debater o papel do Estado na crise do coronavírus. O que mais se acompanhou nos últimos dias, em todos os continentes, foi a divulgação de medidas para evitar a disseminação da doença e contornar as consequências para a economia. Executivo, Legislativo e Judiciário vêm se posicionando a cada dia. O Estado cresce. E se continuar assim depois da crise? E a proteção de dados pessoais? Esse o debate proposto pela capa da revista The Economist de 28 de março. A manchete: Tudo está sob controle — o Estado superpoderoso, a liberdade e o vírus.
“O mais preocupante é a disseminação da vigilância intrusiva. A coleta e o processamento invasivos de dados aumentarão porque oferecem uma vantagem real no gerenciamento da doença. O Estado necessitará de acesso rotineiro aos serviços médicos e a registros eletrônicos”, afirma o texto.
Para The Economist, o grande risco é a tentação de se continuar com a vigilância excessiva depois da pandemia. A publicação chega a citar o que aconteceu nos Estados Unidos depois do 11 de setembro: a legislação antiterrorista acabou sendo estendida. “A vigilância pode ser necessária para lidar com a Covid-19. Regras como cláusulas de pôr-do-sol podem ajudar a detê-la.” Mas, terminada a crise, diz The Economist, será necessário que a sociedade permaneça atenta. “A principal defesa contra o estado superpoderoso, em tecnologia e economia, serão os próprios cidadãos. Eles devem se lembrar que um governo pandêmico não é adequado para a vida cotidiana.”
A reflexão vem no momento em que no Brasil se aguarda a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. Esta semana, o senador Otto Alencar (PSD/BA) apresentou o Projeto de Lei nº 1027/2020, propondo a prorrogação da vigência da lei. Anteriormente, o deputado Carlos Bezerra (MDB/MG) havia apresentado proposição na Câmara dos Deputados com o mesmo objetivo.
Em destaque nas outras revistas:
Newsweek International
- Quanto tempo os médicos levarão para encontrar uma resposta?
- Nove dicas para você proteger seu dinheiro durante a pandemia
The Week
- Sunak para o resgate — ele pode salvar nossa economia?
- O isolamento do coronavírus: muito curto? Muito tarde?
- Controvérsia da semana: o vírus vai nos transformar?
- Como Catherine Deneuve mantém a distância?
Money Week
- Lockdown Britain — Como proteger seu portfólio
Veja
- A Salvação pela Ciência — A bilionária corrida dos maiores laboratórios do mundo em busca da vacina e de tratamentos adequados para combater o coronavírus
- Carta ao Leitor: Um apelo à razão
Crusoé
- Covid-19 — Até quando aguentaremos? O Brasil e o mundo tentam se equilibrar entre o combate eficiente à pandemia e o desafio de evitar uma quebradeira geral na economia
Época
- Sem dizer adeus — No maior cemitério de São Paulo a escalada dos enterros das vítimas suspeitas de coronavírus
- Com a palavra, a ciência — Pesquisadores preveem o aumento mais rápido de casos em SP, RJ e DF.
Estudo preliminar de pesquisadores de Oxford projetam 478 mil mortes no Brasil

Cientistas ligados a Oxford estimam que morrerão 478 mil pessoas no Brasil por Covid-19. A informação está em reportagem publicada, hoje (27/3), pelo site Congresso em Foco. Trata-se de uma previsão que consta de um estudo preliminar, publicado pelos pesquisadores em 14 de março. O original pode ser lido no link a seguir:
https://osf.io/fd4rh/?view_only=c2f00dfe3677493faa421fc2ea38e295
O trabalho está sendo desenvolvido no Centro de Ciência Demográfica Leverhulme e leva a assinatura de oito cientistas: Jennifer Beam Dowd, Valentina Rotondi, Liliana Andriano, David M. Brazel, Per Block, Xuejie Ding, Yan Liu e Melinda C. Mills.
Segundo o Congresso em Foco, o nome da primeira delas, Jennifer Beam Dowd, mais a palavra “coronavirus”, sem acento conforme exige a grafia inglesa, gerava no Google, às 15h desta quinta-feira (26), 687 mil resultados.
“O número de resultados cresce a cada dia, sinal de que talvez seja uma tese digna de atenção. Ainda mais quando vem de uma universidade, diga lá Wikipédia… não, não precisa entrar. Tá no Google o total de prêmios Nobel e de primeiros-ministros britânicos que saíram de lá”, finaliza o texto de Sylvio Costa.
Disputa pelo protagonismo na gestão da crise aumenta a produção legislativa

O gráfico reflete a energia que os parlamentares estão colocando na busca por soluções para a crise causada pelo coronavírus e o esforço que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), está fazendo para ser um dos principais protagonistas do momento histórico. Nos últimos 31 dias da Covid-19 no país, mais de 200 proposições foram apresentadas sobre o tema apenas na Câmara dos Deputados.
No entanto, em ambiente democrático, onde apenas a vontade da maioria será refletida em decisão, a atual conjuntura impõe grandes desafios àqueles que pleiteiam a aprovação de projetos de lei de seu interesse. Sem estratégia e engajamento qualificado, as chances de uma proposta virar lei é muito reduzida. E os fóruns de articulação, agora são virtuais. Ganha quem domina as tecnologistas.
A curva ascendente do balanço dos primeiros meses da atual legislatura denota que o Parlamento se move com a pressão, aumentando o ritmo de produção legislativa. Todos querem agir, porém, cada qual à sua maneira. Nesta semana, 430 propostas foram apresentadas, 130 a mais do que no período anterior.
METODOLOGIA
Para a elaboração do gráfico, foram consideradas as seguintes matérias:
- Câmara dos Deputados: PEC – Proposta de Emenda à Constituição, PLP – Projeto de Lei Complementar, PL – Projeto de Lei, PDC – Projeto de Decreto Legislativo, PRC – Projeto de Resolução, REQ – Requerimento, RIC – Requerimento de Informação, INC – Indicação
- Senado Federal: PL – Projeto de Lei, PDL – Projeto de Decreto Legislativo, PEC – Projeto de Emenda Constitucional, PLP – Projeto de Lei Complementar, PRS – Projeto de Resolução, SUG – Sugestão, REQ – Requerimento
Quem é?

O ponto alto da sexta-feira foi a coletiva de imprensa do presidente da República, Jair Bolsonaro, com os presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano; da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães; e do Banco Central, Roberto Campos Neto. O governo anunciou linha de crédito para financiar a folha de pagamentos de pequenas e médias empresas, como forma de apoiá-las durante a situação de calamidade pública causada pelaem virtude da pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19).
- A linha de financiamento deve beneficiar 1,4 milhão de empresas, atingindo 12,2 milhões de trabalhadores.
- O crédito será destinado a empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil a R$ 10 milhões e vai financiar dois meses da folha de pagamento, com volume de R$ 20 bilhões por mês.
- A medida será operacionalizada pelo BNDES. O limite de financiamento é de dois salários mínimos.
Conheça os porta-vozes dos bancos:
Roberto Campos Neto — Banco Central
O 27° Presidente do Banco Central é executivo do mercado financeiro, tendo atuado por 18 anos no Santander. É neto do também economista Roberto Campos (1917-2001), que foi amigo do atual ministro da Economia, Paulo Guedes. Até hoje, a força do nome do avô se faz presente no carreira de Roberto Campos Neto.
Nascido e criado no Rio de Janeiro, Campos Neto deixou a cidade e se formou em economia em 1993 pela Universidade da Califórnia, instituição onde também concluiu o mestrado em economia em 1995. Atuou como “trader”, operando derivativos, juros e ações.
Pedro Guimarães — Caixa
O presidente da Caixa é economista com mais de 20 anos de experiência, especialmente na área de mercado imobiliário e de privatizações. Em sua tese de doutorado na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, vale ressaltar, discutiu o processo de privatizações no Brasil.
De perfil liberal, trabalhou na BTG Pactual com o ministro da Economia Paulo Guedes.
Gustavo Montezano
Gustavo Montezano é graduado em engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e mestre em Finanças pelo Ibmec. Em 17 anos de carreira no mercado financeiro, foi analista do Opportunity, empresa de gestão de recurso sediada no Rio de Janeiro. Chegou a ser sócio-diretor do banco BTG Pactual em São Paulo, onde era responsável pela divisão de crédito corporativo.
Saindo do meio privado, ocupou o cargo de Secretário Especial Adjunto de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, entre fevereiro e junho de 2019. Aos 38 anos, assumiu a presidência do BNDES, após o pedido de demissão de Joaquim Levy.
Nas redes sociais: como cientistas, médicos e religiosos tratam de coronavírus

O levantamento Vozes da Pandemia, realizado pela plataforma Stilingue, que utiliza inteligência artificial para monitorar o comportamento das redes sociais, aponta que o termo Deus é o mais utilizado pela comunidade espiritual quando discute a Covid-19. Também estiveram entre os temas mais citados hoje: Jesus, Senhor e o Papa Francisco, que conduziu oração especial, sozinho em meio à Basílica de São Pedro, pelo fim da pandemia de Covid-19.
No hotsite Vozes da Pandemia, os assuntos mais comuns e os sentimentos entre as comunidades espiritual, médica e científica são atualizados constantemente. Entre as duas últimas comunidades, o termo mais utilizado foi coronavírus, com clara preocupação da comunidade científica com o isolamento social. Em destaque aparecem os termos quarentena e FiqueEmCasa.
Com o avanço da doença pelo mundo, o sentimento geral é negativo (19%), com termos como medo aparecendo em destaque. Mesmo assim, palavras como esperança, compaixão, família e amigos permeiam as discussões em todas as comunidades, mostrando que ainda há positividade a ser compartilhada.
A imagem da semana

Dica de leitura
“Um Cisne Negro é um evento com três características elementares: é imprevisível, ocasiona resultados impactantes, e, após a sua ocorrência, inventamos um meio de torná-lo menos aleatório e mais explicável. O sucesso surpreendente do Google foi um Cisne Negro, assim como o 11 de setembro. Para Nicholas Nassim Taleb, os Cisnes Negros são a base de quase tudo o que acontece no mundo da ascensão das religiões à nossa vida pessoal.”

Um mês de coronavírus
